Eu não sou de Fogo, mas de Galinheiro - Quirino do Canto

"Eu não sou de Fogo, mas de Galinheiro." É assim que o homem que nasceu na vila de “Galo 30, Galinha 40” no norte do distrito de São Filipe se identifica. Ele deixou Galinheiro em 1963, quando chegou aos Estados Unidos para se juntar ao pai, com quem já tocava ukulele e viola desde Cabo Verde. Em 1966, já acompanhava seu pai nas “tocatinas”, sessões de improviso.

Sep 13, 2024 - 17:27
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Em 1969, teve o privilégio de acompanhar o renomado Bana em uma turnê pela América, junto com Taninho Évora e outros. Foi um dos fundadores da histórica banda de música “Matchona”, com o conhecido Jean Da Lomba, Mike Costa, Lourenço e Malaquias, em 1972, e mais tarde, com a contribuição de Johnny Teixeira, Tudji, Tony Óscar e Djosinha, esta última, uma artista que ele admira e que o incentivou a cantar. A banda “Matchona” deixou sua marca na comunidade com a gravação de um LP durante uma turnê na Califórnia.

Em 1979, com seus irmãos, fundou a banda “Do Canto Brothers”. Seguiu sua odisséia musical com bandas como “Contratempo” e muito mais tarde com a “Jam Band”. Em 1985, gravou “Cabo Verde Poema Tropical” com o maestro Paulino Vieira. Em 1987, fez parte de mais de 50 artistas que participaram do projeto “Help-CV” “Paz e Unidade”, também sob a orquestração de Paulino Vieira. Em 1991, foi parte de um grupo de artistas que participou do CD “Lembrans’l Mudansa” com Ramiro Mendes. Participou de um álbum do violinista Linkin “Talaia Baixu”, antes de participar de uma canção do CD de Gardénia Benrós com Talulu e Pepé Bana.

Sendo homenageado várias vezes, Quirino é um artista que colabora nas principais atividades da comunidade cabo-verdiana. É um ativista cultural que participou do movimento independentista em 1973, quando o comandante Jota Jota chegou aos Estados Unidos. As músicas revolucionárias estavam na moda naquela época, o que foi rejeitado por uma pequena parte da sociedade contra aquele movimento. Ele deixou sua marca em Cabo Verde, ao se apresentar no “Festival da Baía das Gatas” e no “S. Filipe” e em alguns centros culturais mais emblemáticos.

Entre 2011 e 2014, passou pelo momento mais difícil de sua vida, quando perdeu seus pais, um irmão e sua esposa, a quem este CD é dedicado. Desapontado com a direção que a música estava tomando, decidiu gravar um álbum solo 34 anos depois, com o incentivo de vários músicos, particularmente Ney Miranda e o produtor Armando Madeira, da Scuta Music Productions. Este CD, uma homenagem a Talaia Baixu, contém 11 músicas, 8 das quais são inéditas, em um convite ao cotidiano e aos episódios marcantes do país. Outros temas quentes, mas não menos atraentes, são a rapsódia com a qual ele agracia seus fãs, completando este documento musical com a marca registrada de uma das vozes mais brilhantes de Cabo Verde.