Ex-Ministro Carlos Burgo reforça apelo sobre Isolamento da Ilha Brava e a necessidade de melhorias nas ligações marítimas
O ex-ministro Carlos Burgo voltou a trazer à tona a urgente questão do isolamento da Ilha Brava, destacando a situação precária da ligação marítima e o impacto devastador que isso tem na vida da população local. A ilha, que já enfrenta um declínio populacional preocupante, depende em grande parte da comunidade emigrada, que representa um dos maiores recursos para o desenvolvimento da região. Burgo alertou para a necessidade urgente de melhorias nas condições de transporte para garantir que os filhos dos emigrantes, que muitas vezes estão fora do país, possam retornar para visitar, permanecer por algum tempo e investir no futuro da ilha.
De acordo com o ex-ministro, a questão da ligação marítima tem sido um ponto crucial para o desenvolvimento econômico e social da Brava. A ilha enfrenta grandes dificuldades para manter a sua população ativa e gerar novas oportunidades de crescimento, sendo a comunicação com o restante do país, e até do mundo, um dos maiores desafios. Embora a possibilidade de uma ligação aérea exista, ela se mostra praticamente inviável devido a questões de infraestrutura e custo. Assim, a dependência dos transportes marítimos torna-se um ponto de inflexão para o futuro da ilha.
Entretanto, o serviço atualmente prestado pela concessionária responsável pelas ligações marítimas tem sido alvo de duras críticas, especialmente pela sua qualidade muito aquém do que foi prometido quando o contrato de concessão foi assinado. “É deplorável o nível do serviço prestado, o que está a prejudicar gravemente a nossa ilha e a nossa comunidade. Quando o contrato foi assinado, havia uma expectativa de que as condições melhorassem, mas infelizmente isso não se verificou”, afirmou Carlos Burgo.
O ex-ministro também lembrou que o então ministro responsável pela área, José Gonçalves – também natural da Brava – já tinha denunciado a situação durante o seu mandato, junto com o então presidente da Câmara Municipal da Brava, que, segundo Burgo, foi instruído pelo Ministro Abraão Vicente a silenciar-se a respeito do problema. Esse episódio, segundo ele, reflete a falta de disposição do governo atual para resolver a questão e as dificuldades que a ilha enfrenta para ser ouvida pelos responsáveis políticos.
Em sua fala, Carlos Burgo fez um apelo direto à comunidade bravense para que tire as conclusões que se impõem e não se iluda com promessas de melhorias que, na sua avaliação, não vão se concretizar com a atual maioria governamental. “A comunidade bravense deve estar atenta e consciente de que, com este governo, não podemos esperar mudanças significativas na nossa realidade. Precisamos agir, mobilizar nossos recursos e continuar a luta pelo futuro da nossa ilha”, concluiu Burgo.
A situação do transporte marítimo da Brava continua a ser um tema central de debate na ilha e em Cabo Verde. Especialistas alertam que a melhoria das ligações marítimas não é apenas uma questão de conveniência, mas uma condição essencial para a sobrevivência e o desenvolvimento sustentável das comunidades insulares. Para que a Brava possa prosperar e reverter a sua queda demográfica, é fundamental garantir que as condições de acesso à ilha sejam adequadas e eficientes, permitindo aos seus habitantes e à diáspora bravense investir e contribuir para o crescimento local.
Enquanto isso, o governo continua a ser pressionado a encontrar uma solução para resolver a crise do transporte marítimo e oferecer à Ilha Brava as condições mínimas necessárias para superar o isolamento que, há anos, tem sido uma das suas maiores barreiras ao desenvolvimento.
MS