Ex-pretendente à presidência da CEDEAO diz não ter ficado espantado com a derrota de Cabo Verde
O consultor jurídico António Lopes Tavares (Foto), que também queria liderar a Comissão da CEDEAO, diz que não lhe causou espanto o facto de Cabo Verde ter falhado a presidência da organização sub-regional a favor da Costa do Marfim.
O consultor jurídico António Lopes Tavares (Foto), que também queria liderar a Comissão da CEDEAO, diz que não lhe causou espanto o facto de Cabo Verde ter falhado a presidência da organização sub-regional a favor da Costa do Marfim.
Em declarações à Inforpress, António Tavares disse “lamentar” a forma como a sua candidatura foi “ignorada” por aqueles que tinham a função de nomear os candidatos, ou seja, o ministro dos Negócios Estrangeiros, o primeiro-ministro e o Presidente da República, sendo que a este último cabia a incumbência de promulgar.
“Alguns candidatos foram preteridos e não foram ouvidos pelos nossos decisores”, queixou-se António Tavares, indicando os directores de gabinetes das entidades referidas como “responsáveis por não permitir o acesso ao diálogo”.
Segundo a fonte referida, na sua perspectiva, estas coisas aconteceram por causa da “partidarização do sistema” que não consegue ver uma pessoa apartidária.
António Tavares queixa-se igualmente da comunicação social cabo-verdiana que, segundo ele, em vez de “promover debates de esclarecimentos ao povo” sobre esta questão da CEDEAO, “limitou-se a fazer sondagens, propagandas e projecções”.
“Isto deu aquela imagem paupérrima da forma como nos relacionamos com instâncias comunitárias internacionais”, indicou Tavares à Inforpress, a propósito do papel dos órgãos de informação no processo da candidatura de Cabo Verde à Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.
Segundo ele, por outro lado, o arquipélago tem se comportado como se não fizesse parte de uma comunidade africana e, recentemente, prossegue, ouve-se dizer que “Cabo Verde não é África”.
“Cabo Verde não sentiu esta comunidade (da CEDEAO), porque linguística e culturalmente não estamos minimamente preparados para esta riquíssima comunidade humana”, apontou, acrescentando que o país “está longe daquilo que os africanos gostariam que fosse”.
Instado se a dívida do país junto à comunidade terá pesado na decisão dos chefes de Estado e Governo em preterir Cabo Verde a favor da Costa do Marfim, afirmou que “pesou enormemente porque os estados endividados não podem assumir a presidência”.
“Mas, Cabo Verde não é o único caso. A própria Nigéria, quando assumiu a Presidência estava em dívida para com a CEDEAO”, contradiz o ex-candidato, que sugere uma “reflexão sobre o estado da diplomacia cabo-verdiana”, pontua a Inforpress.