Fogo: Agricultores em manifestação de protesto pedem «solução» para a penúria de água na zona sul
Mais de 80 por cento dos 122 agricultores de regadio da zona sul da ilha do Fogo saíram hoje,23, à rua, na cidade de S.Filipe, em protesto à penúria prolongada de água para o cultivo da terra.
Mais de 80 por cento dos 122 agricultores de regadio da zona sul da ilha do Fogo saíram hoje,23, à rua, na cidade de S.Filipe, em protesto à penúria prolongada de água para o cultivo da terra. A iniciativa visou denunciar a situação que se arrasta há mais de dois meses, ao mesmo tempo que serviu de alerta para aquilo que consideram ser “incompetência técnica e uma irresponsabilidade inaceitável por parte do atual Governo do MpD”. Indignados, os agricultores perguntam ainda, durante a passeata pela cidade dos sobrados, onde está «a solução prometida pelo Governo de Ulisses Correia e Silva». Durante o período em que se concentraram à frente da delegação do MAA de S.Filipe, o delegado local sequer saiu à rua para ver o que se passava. Mas segundo outras fontes, o responsável do Ministério se encontrava numa reunião de trabalho.
Afirmando-se indignados pelo estado de abandono em que se encontram, os manifestantes empunhavam cartazes, com ditos como “agricultura sem água não existe”, “queremos água para trabalhar”, “já é hora de resolver o problema”, “Primeiro-ministro onde está a solução”, “queremos mais respeito e responsabilidades”.
Para estes homens da terra, a situação é delicada e agrava-se dia-após-dia. Os mais afetados com tudo isto são os da zona sul da ilha, entre Brandão, Patim, Jaridm e Salto (São Filipe) e Fonte Aleixo, (Santa catarina). “Trata-se de uma situação recorrente. Mas ninguém dá a cara neste momento para se responsabilizar pela situação, o que demonstra falta de respeito pela população da ilha”, disse à imprensa o porta-voz dos agricultores, João António Fernandes.
Segundo a mesma fonte, foram “elevados os prejuízos” que acarretam com a situação de abastecimento do liquido para agricultura. Fernandes exemplificou, que nos últimos três meses recebeu três facturas, sendo duas com zero toneladas e uma com 47, o que, não permite a realização da sua atividade.
Recorde-se que, em Abril de 2017, um grupo reduzido de agricultores - cerca de 15 -havia manifestado pela mesma situação, mas na altura, segundo o porta-voz, o delegado do MAA teria afirmado que era “um grupinho de agricultores com dívidas”. Mas na manifestação de hoje,23, sublinhou o agricultor, cerca de 80 por cento dos 122 agricultores da zona sul marcaram presença no protesto realizado na cidade de S.Filipe, solicitando a disponibilidade de mais água para o cultivo da terra.
“Queremos que o ministro da Agricultura volte para o Fogo, porque os agricultores estão abandonados, mas também para ver onde se pode fazer melhorias”, disse João António Fernandes.
Este agricultor alertou que se for necessário mais furos, equipar os existentes e construir mais reservatórios, o Governo deve investir, porque, no seu entendimento, a água mobilizada para agricultura não é suficiente para um oitavo dos agricultores existentes no centro-sul do Fogo. Criticou ainda que a quantidade da água disponibilizada para as parcelas, quando chega acontece de forma muito irregular e às vezes com elevado teor de sal e com perdas na produção.