Gentes de "Campo" ou Gentes de "Vila Nossa Senhora do Monte"? Um olhar crítico sobre a realidade local

A pergunta que ecoa nas mentes dos habitantes locais, dos representantes da comunidade, dos emigrantes e até mesmo do governo local é a seguinte: o que realmente mudou desde que Nossa Senhora do Monte foi elevada à categoria de Vila? A resposta, infelizmente, é "quase nada, para não dizer nada". 

Na teoria, a elevação de uma localidade a Vila sugere uma série de melhorias e desenvolvimento institucional. Deveria implicar um aumento nos serviços públicos, na infraestrutura e na qualidade de vida dos residentes. No entanto, na realidade e na prática, a situação permanece praticamente a mesma. Nossa Senhora do Monte, agora "Vila de Nossa Senhora do Monte", continua a depender quase exclusivamente das instituições da sede municipal, Nova Sintra.

Alguns dos aspectos que evidenciam essa falta de desenvolvimento institucional incluem a ausência de uma extensão de posto policial, de uma agência bancária, de um posto de correio e de um posto de telecomunicações. Além disso, a comunidade carece de um mercado municipal adequado, de uma extensão de agência de viagens, de uma instalação hospitalar com condições mínimas, de escolas com melhorias necessárias, de um registro civil e até mesmo de uma bomba de combustível. A falta dessas infraestruturas básicas dificulta o crescimento e o desenvolvimento da comunidade.

Então, o que está faltando para que Nossa Senhora do Monte se torne uma verdadeira Vila não apenas no papel, mas na realidade? Há várias considerações importantes a serem levadas em conta:

• Geografia Favorável: A região de "campo/vila" na papel é uma das maiores da Ilha da Brava, abrangendo áreas como Sorno, Faja, Lomba, Ferreiros e Mato, com exceção de Cachaço. A geografia favorável oferece oportunidades para a agricultura e outros recursos naturais.

• Economia: A região é economicamente forte, com uma variedade de fontes de renda, incluindo pesca, pecuária, agricultura, remessas de emigrantes, pequenos negócios e viaturas de aluguer.

• Recursos Naturais: A presença de minas de pedras e areias, juntamente com terras cultiváveis e chuvas regulares, oferece a base para o desenvolvimento econômico.

• Organização Comunitária: Com uma boa organização comunitária e a criação de pequenas extensões institucionais, Nossa Senhora do Monte poderia, de fato, se tornar uma Vila próspera.

Entretanto, as desculpas frequentemente dadas para a falta de desenvolvimento, como o tamanho da população, não parecem justificáveis. Embora a população possa não ser grande o suficiente para a criação de extensões institucionais, é evidente que é suficientemente grande para campanhas políticas e votos. Isso sugere que, em vez de focar em eleições, os representantes locais e o governo central deveriam direcionar seus esforços para melhorar a vida dos habitantes locais.

Em última análise, a elevação de Nossa Senhora do Monte à categoria de Vila deve ser mais do que uma formalidade no papel. Deve ser uma transformação que traga benefícios tangíveis para a comunidade. A falta de serviços básicos e infraestrutura adequada é uma questão que merece atenção urgente, e os líderes locais e nacionais devem unir esforços para garantir que "campo" se torne verdadeiramente "vila" não apenas no nome, mas na realidade.