Governo: Três anos de mandato sem obras

O Governo da República completou, esta segunda-feira, três anos de mandato – foi empossado a 22 de Abril de 2016. A celebração da data passou sem euforia, porque Ulisses Correia e Silva não tem ainda obras para apresentar aos cabo-verdianos. A continuar neste ritmo – faltam mais dois anos do término desta legislatura – este Governo do MpD corre o risco de ficar mesmo como o pior na história de Cabo Verde Independente.

Apr 23, 2019 - 05:01
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Governo: Três anos de mandato sem obras

O Governo da República completou, esta segunda-feira, três anos de mandato – foi empossado a 22 de Abril de 2016. A celebração da data passou sem euforia, porque Ulisses Correia e Silva não tem ainda obras para apresentar aos cabo-verdianos. A continuar neste ritmo – faltam mais dois anos do término desta legislatura – este Governo do MpD corre o risco de ficar mesmo como o pior na história de Cabo Verde Independente.

salarial de 2,2%, o esforço em curso para resolver os problemas dos transportes (ligações marítimas e áreas) e algumas medidas para, segundo o presidente da Câmara de Sotavento, melhorar o ambiente de negócio no país, o desempenho do actual executivo é globalmente negativo.

Hoje, como se poder ver na imprensa, assistiu-se, entre outros extractos sociais, agricultores, pescadores e jovens desempregados a denunciarem que se encontram abandonados à sua sorte nestes três anos da governação ventoinha.

Globalmente, o país enfrenta situações graves como:

  • Uma hegemonia política forte (MpD é maioria, com PR e 20 Câmaras Municipais) que está a dar cabo da democracia e tolerância política no país;
  • Um governo arrogante que não dialoga com as oposições – por isso a Lei da Regionalização não passou;
  • As promessas eleitorais que não são cumpridas;
  • Situação explosiva, sobretudo no campo, por causa da seca e do falhanço do programa da mitigação da seca – com famílias sem rendimento e animais a morrer de fome;
  • Um crescimento económico que não reflecte na melhoria das condições de vida dos cabo-verdianos;
  • Índice de vários indicadores a decrescer;
  • Taxa de desemprego a aumentar grandemente, afectando sobretudo os jovens, conforme os últimos dados do INECV;
  • Um executivo despesista – gasta 600 contos anuais em viagens e eventos, perante muitas pessoas na miséria e sem perspectiva de vida;
  • Falta de transparência na gestão de alguns negócios do Estado importantes - casos da privatização da TACV, concurso internacional para a concessão da exploração das ligações marítimas inter-ilhas, acordo com Binter, a medida de protecção de derivados de leite, etc.
  • A forte partidarização da Administração Pública e sinais de nepotismo nas instituições públicas;
  • Uma justiça lenta que não serve o país e os cidadãos;
  • Um Poder Local esbanjador, com muitos dos presidentes de Câmara a funcionar quase como se fosse Delegado do Governo;
  • A onda da criminalidade que ainda assola o país apesar da instalação de câmaras de vigilância – com vários casos de assassinatos com arma branca e de fogo, violações de menores e tráfico de arma e droga;
  • Uma comunicação social em falência técnica (pública e privada) e o sector estatal manipulado com o acantonamento ou oferta de «dropes» (cargos) a jornalistas mais independentes, experientes e incómodos;

Diante deste quadro nada animador, compreende-se que o poder instalado não tem razão para festejar com a euforia a passagem de mais um aniversário da tomada de posse do actual Governo. O pior é que sequer o PM quer remodelar a sua equipa para introduzir uma lufada de ar fresco e tentar melhorar o seu desempenho – quem sabe se acontece agora ou depois das autárquicas de 2020.

Ou seja, perante a desesperança que está a tomar conta de um grande número de cabo-verdianos, resta saber se Ulisses Correia e Silva vai ainda a tempo de mudar de discursos - de« vamos fazer e que a culpa é da oposição»- e poder assim reverter o quadro actual e disputar mais um mandato nas legislativas de 2021. O ASemanaonline está apenas a sintetizar o que se houve no dia-a-dia em todo país. Enfim, como diz o ditado popular, «quem ka ta ovi ta oiá!»

asemana