Grave situação com a seca no Fogo: Associação liderada pelo ex-autarca Eugénio Veiga lança campanha para mobilizar apoios a mais de 600 famílias vulneráveis

Está a ser difícil a situação sócio-económica no Fogo com a seca que está a assolar a ilha, dizimando animais e baixando caudal de água do lençol freático para a prática de agricultura. Por isso, Associação Fogo Solidário (Afosol) lançou, esta segunda-feira, na cidade São Filipe, uma campanha de solidariedade para a mobilização de perto de três mil contos para apoiar, durante quatro meses, 632 famílias vulneráveis da ilha. Para o seu presidente Eugénio Veiga, que foi ex-Edil da cidade dos sobrados, os poderes central e local, «estão quase a dormir perante esta grave situação e agir pior do que o governo colonial”.

May 30, 2018 - 13:06
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Grave situação com a seca no Fogo: Associação liderada pelo ex-autarca Eugénio Veiga lança campanha para mobilizar apoios a mais de 600 famílias vulneráveis

Está a ser difícil a situação sócio-económica no Fogo com a seca que está a assolar a ilha, dizimando animais e baixando caudal de água do lençol freático para a prática de agricultura. Por isso, Associação Fogo Solidário (Afosol) lançou, esta segunda-feira, na cidade São Filipe, uma campanha de solidariedade para a mobilização de perto de três mil contos para apoiar, durante quatro meses, 632 famílias vulneráveis da ilha. Para o seu presidente Eugénio Veiga, que foi ex-Edil da cidade dos sobrados, os poderes central e local, «estão quase a dormir perante esta grave situação e agir pior do que o governo colonial”.

Em declarações à Inforpress, o presidente do conselho directivo do Afosol, Eugénio Veiga, explicou que se pretende com a campanha “sensibilizar e tentar mobilizar meios para responder às diferentes necessidades que neste momento se desenham e que não são poucas”.

Reconheceu, entretanto, que não será um processo fácil mobilizar três mil contos em quatro meses, mas admitiu que é possível e que se “houver engajamento e firme determinação, até se pode mobilizar muito mais”.

Segundo a mesma fonte, a situação, segundo aquele responsável, é crítica e pelo número de pessoas que, ultimamente, tem circulado pelas ruas da cidade de São Filipe, vindo do interior à procura de algo, demonstra que o cenário “é extremamente complicado”, indicando que “às vezes , quando estamos acantonados num determinado espaço, não temos a noção exacta do grau das dificuldades que as pessoas têm”.

“Talvez uns anos atrás não sentiria esta percepção que estou sentindo neste momento”, disse Eugénio Veiga, para quem a “a situação é preocupante e se medidas não forem tomadas, haverá situação muito mais grave e com consequências indesejáveis”.

Segundo o antigo autarca de São Filipe, perante o cenário desolador que se vive na ilha e em Cabo Verde, nenhum elemento da sociedade civil pode ficar indiferente, observando que com o aproximar da época das chuvas a situação fica cada vez mais difícil, quer para os animais como para os seres humanos.

Os esforços dos poderes públicos, central e local, estão muito aquém daquilo que a situação requer e para fazer face a situação, que no dizer de Eugénio Veiga só é comparável aos anos de 1947 e 1977, o Governo e as câmaras devem preocupar-se com as pessoas, priorizando a abertura generalizada das frentes e garantir um “salário digno e não um salário que se assemelha ao montante de pensão de solidariedade social”, que é, segundo Eugénio Veiga, ” incompatível com o grau de dificuldades actuais, ou, então, apoio generalizado às famílias carenciadas.

Se medidas não forem tomadas em termos de salvamento de gado, alertou o responsável, corre-se o risco de se perder mais de dois terços dos efectivos, destacando que, por via disso, representantes de organismos internacionais e autoridades nacionais têm visitados vários pontos do país e a ilha do Fogo.

Eugénio Veiga considera que “de acordo com o pensamento deles (poderes Central e local), estão correctos, mas de acordo com a realidade estão desfasados da situação, estão quase a dormir e neste momento estão a agir pior do que o governo colonial”.

Contas bancárias e famílias a apoiar

A associação procedeu ao levantamento da situação em todas as localidades da ilha do Fogo, cobrindo os três municípios, sendo que a zona de Monte Vermelho, no município de Santa Catarina, onde a situação é considerada mais crítica.

“O número de 632 famílias identificadas é o mínimo para a ilha toda”, disse o responsável de Afosol, indicando que “é um programa mínimo para uma necessidade máxima”, que inclui a distribuição de cesta básica, salvamento de gado, saúde, educação e outras situações.

Das 632 famílias que a associação pretende beneficiar, a maior parte, mais de metade, são do município de São Filipe, 341 famílias, de 30 localidades, incluindo os bairros periféricos da cidade (26 famílias), 173 famílias no município dos Mosteiros, de 12 localidades, e 118 do município de Santa Catarina, de 11 localidades.

Para a concretização da acção, a Afosol pretende mobilizar 2.890 contos, sendo 1.500 contos para cestas básicas, 700 contos para apoio aos criadores de gado e 690 contos para apoio diversificado nas áreas de educação, saúde e outros, sublinhando que “o pouco mobilizado de cada um dos muitos pode servir para salvar muitos”.

A campanha é desenvolvida junto dos cidadãos de uma forma geral, mas também junto das Embaixadas, Governo, Comunidade Emigrada, entidades individuais e colectivas, sendo que a contribuição deve ser depositada na conta bancária número 27810616 (IBAN: CV;000200002781061610175; SWIFT CX EC CV CV).