Há 75 anos, na II Guerra Mundial, o navio Matilde deixava a Brava com 53 homens a bordo com destino aos EUA mas foi apanhado por um ciclone
Completa este domingo o 75º aniversário do desaparecimento do navio Matilde, que, superlotado com 53 homens a bordo, deixara o Porto de Fajã d’Agua, na ilha da Brava, com destino aos Estados Unidos da América, onde “nunca mais chegou”.
Completa este domingo o 75º aniversário do desaparecimento do navio Matilde, que, superlotado com 53 homens a bordo, deixara o Porto de Fajã d’Agua, na ilha da Brava, com destino aos Estados Unidos da América, onde “nunca mais chegou”.
O coronel das Forças Armadas na reforma, António Carlos Tavares “Sabú”, recordou à Inforpress que o navio Matilde foi apanhado por um ciclone em pela II guerra Mundial, lembrando que o barco “estava sem condições” sequer para realizar uma viagem inter-ilhas.
Ainda assim, ressalva que estes homens tiveram de aventurar-se, numa altura que “Cabo Verde e a sua população estavam sob os efeitos devastadores da II Guerra Mundial, com impacto nefasto no bem-estar das famílias”.
“Ao se fazer ao mar, Matilde desaparecia, para sempre, engolida por um ciclone que devastava o mar e a terra, cobrindo Cabo Verde e a ilha Brava de um manto de luto e amargura, ressentida até os dias de hoje”, enfatiza António Carlos Tavares.
“Curvo-me, prestando uma justa e humilde homenagem, àqueles valorosos cabo-verdianos que tudo fizeram, numa tentativa, resoluta, independentemente de circunstância alguma, para mitigar as dificuldades com que os familiares se confrontavam”, cita este que é também um escritor historiador.
Ao que se sabe, Matilde foi construído em São Vicente e estava capitaneado por Nhô Henrique de Lola, da localidade de Lém, em Nova Sintra, tendo feito a sua viagem fatal a 26 de Agosto de 1943
Outrora proprietário da Casa Carvalho, o navio passou pelo abastado comerciante da Cidade da Praia, Manito Bento, antes de ser adquirido por Daniel e Abel de Sr Ramos, referenciado como grande comerciante de Cova Rodela, na ilha da Brava.
Abordado pela Inforpress, o presidente da Câmara Municipal da Brava considera tratar-se de uma efeméride marcante na ilha da Brava, que mergulhou a ilha em muita dor e muita tristeza”,
O autarca firmou esta tragédia demonstra como o que “bravenses de então arriscaram a vida, procurando na emigração o alívio de dores, sofrimento e privações dos seus familiares”.
Francisco Walter Tavares explicou que o país passava por momentos difíceis provocados pelos efeitos da II Guerra Mundial, o que, a seu ver, demonstra o “espírito solidário, de sacrifício e combativo do bravense que não se resigna e que perante dificuldades tudo fará para tentar ultrapassar e minimizar o sofrimento dos familiares.
A tragédia, de acordo com o edil, mergulhou a ilha num luto enorme, com repercussão até a data de hoje.
Para o autarca bravense esta tragédia “continua a fazer parte da História da Brava, a ser recordada por pessoas”, sublinhando mesmo que nesta instância turística balnear de Fajã d’Água existe mesmo um monumento comemorativo a esta data, com a nomenclatura de todos quanto perderam a vida no navio Matilde, inclusive, a do avô do edil bravense que na altura deixara a mãe com apenas quatro anos de idade.
Inforpress/Fim