Ilha Brava: Festeiras lamentam desinteresse jovem em participar nas festas religiosas e tradicionais
As festeiras que participam nos preparativos da festa de Nossa Senhora da Graça, padroeira da localidade de Nossa Senhora do Monte, na ilha Brava, lamentam a não participação dos jovens na organização dos festejos.
As festeiras que participam nos preparativos da festa de Nossa Senhora da Graça, padroeira da localidade de Nossa Senhora do Monte, na ilha Brava, lamentam a não participação dos jovens na organização dos festejos.
Júlia Moreira, uma festeira, avançou à Inforpress que a festa de Nossa Senhora da Graça é um “pouco diferente” das outras a nível de organização, porque esta não tem uma “festeira” particular que organiza tudo.
“Esta festa é organizada pela comunidade católica da ilha”, e conta com o apoio de vários emigrantes. “Não é uma festa a escolher, é de todos que querem participar”, diz Júlia.
A festeira apela a Nossa Senhora que “dê uma luz aos jovens”, para que estes possam “seguir os bons caminhos”, porque a sociedade está a cada dia, “mais medonha e com tendências desviantes”.
É nesta óptica que outra festeira e coladeira da “Ilha das Flores”, Iva Gomes, lamenta o facto dos jovens não quererem participar nem na organização, e, muito menos, nas “responsabilidades” que estas festas exigem.
“Em todas as festas colamos, cozinhamos, mas a idade já está a aproximar e, com isso, o cansaço. Daqui há alguns anos, sentimos a necessidade de entregar estas responsabilidades aos mais jovens”, adianta a festeira, consciente que após a “aposentaria” da actual organização, a parte cultural e tradicional corre o risco de desaparecer.
“Ninguém quer aprender. Mas é necessário. Colá não, cozinhar não, porque consideram isso um desprezo”, observa.
Iva explica que às festas tradicionais e culturais na Brava iniciam a partir de Santo António, 13 de Junho, na localidade de Lém, e terminam no dia 15 de Agosto com a Nossa Senhora da Graça. E, as coladeiras e cozinheiras fazem um ‘tour’ por todas as festas da ilha.
Com o desinteresse jovem, estas tradições vão cair em desuso, lamenta, “com muita pena”, pois, para Iva, estas festas na ilha só têm sentido, com estas “brincadeiras”.
O frei Odair deixa uma mensagem aos jovens, para serem “unidos” e “apoiarem” uns aos outros, de forma a não deixarem que somente os “mais velhos” tomem conta de tudo.
Segundo o sacerdote, hoje em dia, a sociedade tem muitas “ofertas” para os jovens e é “normal” que estes se “dispersam”.
Sendo assim, exorta o pessoal da organização e as “mulheres da cultura” da ilha a não “desistirem” desta camada. Que continuem a incentivá-los, de forma a mantê-los sempre por perto. Assim, “quem sabe eles não apanham o gosto pelas coisas tradicionais”, enfatiza o sacerdote.
Inforpress/fim