Ilha Brava: “Os jovens têm sede de encontrar alguém para escutá-los e para ouvir os seus pontos de vista” – frei Euclides

 O pároco Euclides Pires considerou que os jovens “têm sede” de encontrar alguém para escutá-los, ouvir os seus pontos de vista e que os leva “mais a sério”.

Feb 16, 2019 - 10:13
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Ilha Brava: “Os jovens têm sede de encontrar alguém para escutá-los e para ouvir os seus pontos de vista” – frei Euclides

 O pároco Euclides Pires considerou que os jovens “têm sede” de encontrar alguém para escutá-los, ouvir os seus pontos de vista e que os leva “mais a sério”.

Estas declarações foram feitas à Inforpress, após uma aula aberta sobre orientações sexuais,que o Frei Euclides e o pastor da Igreja Nazarena, Roberto Silva, dirigiram com alunos da Escola Secundária Eugénio Tavares (ESET).

Segundo o pároco, actualmente os jovens são alvo de “muitos conteúdos” e não se está a ajudá-los a descobrir que também “são senhores e mestres para a construção” das suas vidas, além de a sociedade “não estar a levá-los a sério”.

“Eles precisam de pessoas para escutá-los no ambiente familiar, no ambiente escolar, no ambiente religioso ou em qualquer outro”, disse o sacerdote.

Padre Euclides Pires falou da identidade de género e orientação sexual na adolescência e as perturbações, não num ponto de vista doutrinal, mas baseado nos estudos feitos e na realidade dos dias de hoje.

Segundo este orador, o tema é de “extrema importância” porque os jovens neste momento estão vivendo “um conflito interior” e é nesta fase que eles “assumem” certas opções sexuais em que muitas vezes são rejeitados e incompreendidos pela sociedade.

Euclides Pires, deu exemplo do Tchinda Andrade, que em Cabo Verde foi a primeira a assumir-se publicamente como transexual, em 1997, época em que tinha 19 anos, e a “grande confusão e rejeição” que houve em torno dela, “sem nenhum apoio, nenhuma rede”.

Mas, hoje, os jovens e adolescentes têm os seus grupos de amigos e não estão mais sozinhos, embora quando começam a ter uma certa evolução e comportamento “não são compreendidos” e é por isso que se deve ter esta conversa “sadia” sobre a sexualidade sempre.

Debruçando sobre a adolescência e o sexo da natureza, o sacerdote falou sobre o complexo de Édipo, porque desde criança começam os conflitos, exemplificando que quando uma criança vê um pai como o rival tenta sempre meter no meio para afastar o pai da mãe.

  1. para este sacerdote, se a criança for rejeitada e congestionada na sua liberdade, pode criar algum problema “no seu psicológico” e, ao crescer, na sua escolha, isso “leva-o a ter uma outra opção sexual, mesmo não por escolha, mas as vezes transmitido por traumas”.

“A nossa escolha sexual pode ser feita de uma forma livre, mas também pode ser condicionada pela sociedade, pela religião, pelo ambiente cultural”, salientou padre Euclides.

Aproveitou o espaço também para falar aos alunos da diferença entre o género e a identidade sexual, e a importância da fase da adolescência na decisão da orientação sexual.

O pastor Roberto Silva, por seu lado, também é de opinião que conversas do tipo são necessárias porque a tendência hoje é falar os jovens de coisas teóricas e não de coisas concretas, que estão vivendo neste momento.

Roberto Silva pediu aos jovens para terem mais cuidado com a forma como usam e partilham a sua sexualidade, porque estes estão “abertos demais querendo experimentar tudo, para ver se aqui dá ou não e é errado”.

Tendo este comportamento, o pastor explicou que depois de um certo tempo criam uma reputação errada sobre a pessoa que são, mesmo que não seja aquilo que realmente.

A conversa esteve enquadrada na programação da ESET, no âmbito da comemoração do dia da amizade e do amor, com actividades realizadas durante a semana.

MC/AA

Inforpress/Fim