Ilha Brava: PR defende que se “devia estudar mais” a independência e a democracia do país
O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, defendeu hoje, durante a conferência “Democracia e Desenvolvimento”, proferida na ilha Brava, que se devia estudar mais a independência e a democracia do país.
O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, defendeu hoje, durante a conferência “Democracia e Desenvolvimento”, proferida na ilha Brava, que se devia estudar mais a independência e a democracia do país.
Segundo Jorge Carlos Fonseca, é necessário que os mais jovens conheçam a história da independência, dos heróis nacionais, da democracia e isso só seria possível e mais aprofundado, na escola, embora o Chefe do Estado tenha reconhecido, também, que não existem muitos estudos sobre isto e mesmo a comunicação social não falou de vários acontecimentos na época.
“A democracia não foi uma dádiva, mas sim um percurso de luta, embora tenha tido outros factores externos”, salientou o PR, elencando alguns dos fenómenos externos, como a queda do Muro de Berlim, alguns movimentos sociais e políticos na Europa e outros cantos do mundo, que chegaram à África e a Cabo Verde.
Daí, de acordo com o PR, estas mudanças e revoluções tenham chegado ao país numa altura do regime de partido único, provocando “uma influência muito grande” nos movimentos cabo-verdianos, “muita resistência, reacção da população aos abusos existentes, entre outros, para se chegar à democracia”.
Jorge Carlos Fonseca chamou a atenção dos presentes, no sentido de “não pensarem ou verem” a democracia ou a liberdade como sendo propriedade dos partidos políticos, mas “conquistas” dos cabo-verdianos, que se envolveram de “alma e coração” no processo da independência, colaborando-se “nas lutas, envolveram em reivindicações, organizaram grupos, até conseguirem o que queriam”.
Recordou e contou aos presentes alguns acontecimentos que decorreram na ilha Brava, que também “contribuíram” para o processo e o percurso da democracia, como o caso de algumas manifestações decorridas na ilha nos finais do ano de 1970.
Falando da democracia e do desenvolvimento durante a conferência, o Presidente da República exemplificou a realização da Semana da República, assim como a realização desta conferência na ilha Brava, como sendo “sinais” da democracia.
“Comemorar a Semana da República na Brava é chamar o país para a ilha, dar mais visibilidade a uma ilha que aparece muito pouco e isto já é democracia”, pois, segundo o Chefe do Estado um dos factores da democracia é a oportunidade de igualdade entre as ilhas, diminuindo as assimetrias regionais.
Neste sentido, Jorge Carlos Fonseca defende que “devemos ter orgulho da nossa democracia”, mas relembrou também que a democracia “pode perigar, se construirmos um país injusto e desigual”, ou seja, onde o desenvolvimento só chega a alguns sítios.
Ainda durante a conferência, realçou que a democracia “não se esgota” nas eleições, mas, ajuntou, “tem que haver condições sociais, económicos, culturais, para que a democracia se torne sólida e irreversível”.
Para terminar o seu discurso, Jorge Carlos Fonseca pediu aos jovens para serem “mais críticos, mais ambiciosos e a se empenharem nos estudos”, pois são eles que “têm a responsabilidade de mudarem e desenvolverem a ilha”.
O autarca local, Francisco Tavares, enalteceu a iniciativa do Presidente da República em envolver a ilha Brava nesta programação e pelo tema discutido na ilha, ajudando os jovens presentes a terem “mais conhecimentos do percurso histórico que o país fez para ter a democracia que tem neste momento e reflectir que passos a dar dentro da democracia, para levar ao desenvolvimento dos diversos sectores”.