Ilha Brava: Professora acusa Delegação Escolar da Brava de “perseguição”

A professora da escola de Nossa Senhora do Monte Maria Antónia acusou hoje a Delegação Escolar da ilha de a perseguir e de não “respeitar os sentimentos alheios e nem as leis existentes”.

Oct 25, 2018 - 08:51
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Ilha Brava: Professora acusa Delegação Escolar da Brava de “perseguição”

A professora da escola de Nossa Senhora do Monte Maria Antónia acusou hoje a Delegação Escolar da ilha de a perseguir e de não “respeitar os sentimentos alheios e nem as leis existentes”.

Maria Antónia revelou que tinha iniciado o ano lectivo com uma turma do 1º ano, mas na semana passada, devido a saúde do filho, teve que ausentar durante seis dias, faltas estas que “já foram justificadas com documento médico”.

A indignação desta professora deve-se a “algumas mudanças” realizadas no estabelecimento escolar sem o seu consentimento e o respectivo aviso.

“Não sou contra a mudança e nem a mobilidade, mas deve ser feita onde há necessidade e onde se justifica”, salientou, “indignada”, a professora.

A mesma fala não só das mudanças, mas também de uma reunião com todos os membros do agrupamento com a excepção da mesma, das decisões que foram tomadas e da forma como foi avisada das mesmas.

“Eles reuniram-se com todos os membros e professores, mas ninguém do corpo directivo deu-se ao trabalho de me informar sabendo que eu estava internada devido ao estado de saúde do meu filho”, concretizou a mesma fonte que explicou que só na sexta-feira à noite, ao chegar a casa, recebeu uma nota de um colega segundo a qual na segunda-feira teria que comparecer numa turma do 3º ano, tendo em conta “alguns reajustes” na escola.

Segundo Maria Antónia, esta não foi a “maneira correcta” de a informar da mudança.

“Deveriam aguardar até segunda-feira e realizar um encontro com a outra professora que veio da zona de Cachaço, a qual tomou a turma do 1º ano, com a qual venho trabalhando desde o início do ano lectivo”, precisou.

Informou que mesmo a docente a quem foi atribuída a turma “ficou meio triste” ao deparar-se com “os materiais feitos, a dedicação dos alunos e o sentimento” que disse que estes demonstraram ter por si.

Maria Antónia confessou que resistiu em entregar a sua turma, exigindo a presença do delegado da Educação, para esclarecer a situação.

No encontro, segundo a fonte, a justificativa apresentada pelo corpo directivo para tal mobilidade, deve-se ao estado de saúde da mãe e do filho, que levam a mesma a “ausentar-se muito”, tendo em conta que o 1º ano é uma turma de alfabetização que exige muita presença.

Justificativa com qual disse não conformar-se já que leva 21 anos de trabalho.

“No ano passado tinha uma turma de terceiro e quarto ano, que não foi uma turma fácil, porque ainda estavam com fichas aprendendo a escrever os seus nomes, ausentei muito também, por causa de saúde, mas todas as vezes que ausentei, a escola fez a substituição e os alunos não ficaram atrasados”, justificou Maria Antónia.

“Se defendem que o 1º ano exige presença, a turma do 4º ano é uma turma de exame, mas, mesmo assim, no ano passado ninguém se preocupou com isso. Porque este ano estão a criar tantos embaraços”, questionou a docente.

Maria Antónia disse estar “indignada” com a situação, tendo em conta “os esforços”, que a mesma sempre fez em prol do ensino, sem pôr em causa as capacidades da colega que a vai substituir, “porque todos os professores têm a mesma missão e nenhum é melhor do que o outro”, mas sim com a atitude dos dirigentes.

Contactado pela Inforpress, o delegado do Ministério da Educação, Orlando Burgo, refutou as acusações da docente, explicando que a mobilidade foi feita pelo “bem dos alunos e da própria professora” e que não existe “nenhuma perseguição e nem maldade” atrás disso.

Segundo a mesma fonte, a “proposta de substituir” a professora da turma do 1º ano para o 3º, deve-se ao facto de ela ter “vários casos de problemas de saúde na família”, e é entendido que ela pode ausentar várias vezes, como no ano anterior.

Daí, que o objectivo, é “evitar que os alunos fiquem prejudicados”, sendo alunos do 1º ano, que exigem “todo o cuidado e a máxima presença”, pois, precisou, “é da base que se inicia”.

Concretizou que a professora Sónia, que veio de Cachaço, já tem experiência em trabalhar com crianças, inclusive com turmas compostas.

E como tem outra turma do 3º ano, caso a professora Maria Antónia faltar e tive problemas em comunicar atempadamente, o professor pode reunir as duas turmas e trabalhar normalmente.

Segundo o delegado, eles é que não estão entendendo a razão do comportamento demonstrado pela professora, considerando esta atitude como sendo “inadmissível”.

Entretanto, o mesmo explicou que assim como todos os professores que estavam a ser mudados, Maria Antónia recebeu também uma nota enviada pela direcção da escola, com o conhecimento do delegado, comunicando que “a partir do início desta semana, todos os professores deveriam fazer a passagem das turmas” para os novos professores de forma a “estabilizar o funcionamento da escola ”.

Burgo disse ainda que a mobilidade dos professores no concelho é da responsabilidade do delegado, mas pediu aos directores das escolas para avançarem com uma proposta de redistribuição para resolver este problema de professores “o mais breve possível” e de forma “mais coerente”, já que eles é que estão aí no dia-a-dia.

Por fim, o delegado acusou a professora de “atitude de rebeldia e de colocar pais contra escola”, situação esta que está a tomar “outros contorno e que certamente desembocará outras consequências”.

Inforpress