Ilha da Brava: Comunidade da localidade de Lomba dependente de uma única viatura para todos os recados
A comunidade piscatória de Lomba, na ilha da Brava, depende de somente uma viatura fixa que faz o transporte de pessoas e de todo o produto da pesca desta localidade, situada a cerca de 10 km da cidade de Nova Sintra.
A comunidade piscatória de Lomba, na ilha da Brava, depende de somente uma viatura fixa que faz o transporte de pessoas e de todo o produto da pesca desta localidade, situada a cerca de 10 km da cidade de Nova Sintra.
Anildo, é o único condutor “da casa” com que todos da zona podem contar. É que de acordo com a população local, “existem outros carros que podem fazer este percurso, mas o único que reside na localidade é Anildo”.
Deste modo, ele assume a responsabilidade de transportar não só os moradores da zona, como o produto da pesca local e outras mercadorias para o centro da ilha.
“Dependendo do movimento, da quantidade de peixe pescado por dia, faço quatro a cinco voltas diariamente”, disse Anildo, explicando que nem sempre os gastos do carro são compensados pelo número de pessoas que transporta.
Entretanto, explicou ainda à Inforpress que é “necessário utilizar estratégias, apanhando passageiros pelo caminho e fazer a cobrança também pelos volumes que transportam, pois, realça, “não posso abandonar os passageiros, mesmo que são em número reduzido. Sou a única esperança que eles têm”, enfatiza Anildo.
Contudo, os passageiros e moradores da zona “reclamam” pelo tempo de espera. De acordo com Sónia, uma moradora e peixeira desta localidade, “o carro sai cedo daqui, chega na vila, volta para apanhar novos passageiros, regressa de novo à vila e assim sucessivamente”.
A mesma explica ainda que por vezes é necessário ficar duas ou mais horas à espera do transporte no terminal, “faça chuva faça sol”. “Caso perder uma volta, o tempo de espera aumenta ainda mais”, sublinha.
“Neste momento, se eu viajar ou acontecer alguma coisa que me impeça de conduzir, a zona ficará prejudicada e de que maneira, porque sou o único condutor da casa (…), alguma emergência à noite ou a qualquer hora sou eu quem presta o socorro”, reconhece Aldino.
Entretanto, trocando um dedo de conversa com o repórter da Inforpress sobre o pulsar da vida social na sua zona, Anildo adiantou que vê na força jovem desta zona, a única solução e aposta para melhorar a situação.
Contudo, “baralhou” um pouco o raciocínio do repórter, porquanto, ele mesmo acabou por declarar à Inforpress na mesma entrevista “que os jovens de Lomba têm raciocínio curto e não querem trabalhar, quanto mais investir…”.
“Alguns deles poderiam pedir auxílio às famílias, comprarem um carro ou mesmo recorrerem a um empréstimo bancário. Mas eles não pensam assim, correm de tudo quanto é compromisso”, enfatiza.
“A nossa zona e mesma a ilha no seu todo não desenvolve porque os jovens não apostam nas inovações, não participam em nada que dá lucro e promove desenvolvimento. Mesmo que encontrem apoio, a meio percurso abandonam tudo e colocam em prejuízo quem os ajudou”, lamenta o “motorista-mor”.
Entretanto, e para finalizar a conversa com a Inforpress, Anildo sugeriu em jeito de opinião, que mais um ou dois carros à disposição da zona “melhorava e de que forma a situação dos moradores e pessoas que se desloquem de e para Lomba”.
“(…) Infelizmente a falta de iniciativa no seio da camada jovem não deixa que a zona vá para frente”, enfatizou. A Semana/Inforpress