Israel: MNE rebate críticas sobre voto de abstenção de Cabo Verde na ONU e reafirma que país é um “acérrimo defensor” da paz
O ministro dos Negócios Estrangeiros rebateu hoje as críticas sobre a abstenção do país numa resolução das Nações Unidas sobre o conflito entre Israel e o Hamas e reafirmou que o arquipélago é um “acérrimo defensor” da paz.
Esta decisão de Cabo Verde tem suscitado críticas vindas, principalmente do Presidente da República, José Maria Neves e Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição), que sublinham que em causa estava um cessar-fogo humanitário para abrir corredores de assistência humanitárias a civis.
Neste sentido, o Governo, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Figueiredo Soares, reagiu hoje em conferência de imprensa, com o propósito de esclarecer a opinião pública o sentido do voto de Cabo Verde.
“(…) a abstenção traduz o facto de que Cabo Verde, como os demais 44 países se abstiveram, não se satisfez com a sua versão votada, por ser demasiado parcial, sem uma única palavra de condenação aos ataques violentos perpetrados pelo Hamas”, explicou.
Lembrou que foi apresentada uma importante emenda pelo Canadá e que mencionava a clara responsabilidade daqueles que atacaram Israel no dia 07 de Outubro, indicando a causa próxima da guerra em curso e do risco de escalada a que se assiste.
“Os promotores do projecto de resolução votaram contra tal emenda, inviabilizando a sua inserção num texto que seria mais equilibrado”, continuou apontando que 88 países de todos os continentes, entre os quais Cabo Verde votaram a favor dessa emenda que, sublinhou, foi apresentada por um país com desempenho “inquestionável” no domínio humanitário, o Canadá.
Este posicionamento, esclareceu ainda, é também coerente com a posição do principio de sempre condenação de todo e qualquer acto de terrorismo, mormente daquele que atende contra a vida de civis inocentes.
“Foi este o contexto e a razão da decisão de apoiar a emenda apresentada pelo Canadá, que infelizmente não foi aprovada”, afirmou.
Declarou que para o Governo de Cabo Verde é importante que sejam preservados mecanismos de diálogo para paz, que a ajuda humanitária neste contexto seja reforçada e sejam observados os princípios do Direito Internacional Humanitário, no estrito respeito pela Carta das Nações Unidas e das Convenções de Genebra.
Assim, reafirmou que Cabo Vede é “um acérrimo defensor e promotor da paz, da liberdade e da coexistência pacífica entre os povos, no respeito integral pela Carta das Nações Unidas e pelo direito Humanitário”, pelo que, afiançou, “condena o terrorismo sobre todas as formas e reconhece o direito do Estado de Israel de viver em paz e segurança”.
“Compete ao Governo definir e executar a política externa, e assume a responsabilidade dos seus votos. Não deve haver articulação ou concertação para se votar num sentido ou não, há informação que nós prestamos na devida altura”, disse, quando questionado se houve alguma concertação prévia com o Presidente da República.
Concluindo, o ministro garantiu que o país tem agido para facilitar todas as acções humanitárias a favor do povo palestiniano, nomeadamente autorizando o pedido de sobrevoo e aterragem de aeronaves com este fim.