Joaquim Alves, conhecido por Kiki, critica a exploração eleitoral dos emigrantes cabo-verdianos
Cidade de Pawtucket, 12 de Outubro de 2024 (Bravanews) - Joaquim Alves, popularmente conhecido como Kiki, residente na Cidade de Pawtucket, Rhode Island, expressou a sua insatisfação com a forma como os políticos de Cabo Verde tratam a comunidade de emigrantes, especialmente durante os períodos de campanha eleitoral. Em declarações recentes, Kiki sublinhou que os políticos só parecem reconhecer a importância dos emigrantes quando se aproximam as eleições, refletindo uma abordagem superficial e oportunista.
"Este ano, já assistimos a dezenas de visitas de candidatos a presidentes de câmaras, ministros, Primeiro Ministro e até do próprio presidente da República. É claro que o foco deles não é o bem-estar dos emigrantes, mas sim como angariar os apoios que estamos dispostos a oferecer", afirmou Kiki, que tem sido uma voz activa nas redes sociais na defesa dos direitos e interesses da comunidade cabo-verdiana no exterior.
A indignação de Kiki surge em um contexto particularmente relevante, com a visita do Presidente da Câmara Municipal da Brava e candidato à sua sucessão, Francisco Tavares. Durante sua passagem pelos Estados Unidos, Tavares vai se encontrar com imigrantes bravenses, buscando apoio para sua candidatura. Kiki não hesitou em criticar a iniciativa, questionando as motivações por trás da visita.
"É uma tentativa clara de captar votos por procuração, sem um verdadeiro compromisso com as questões que nos afectam. Enquanto os políticos vêm até nós em busca de apoio, precisamos de diálogos reais sobre o que podemos fazer juntos para melhorar a nossa comunidade e o nosso país", enfatizou Kiki.
Os emigrantes cabo-verdianos, que desempenham um papel crucial na economia do país através de remessas e apoios financeiros, parecem ser alvo de uma abordagem estratégica por parte dos políticos. Kiki ressalta que, embora os emigrantes tenham um poder de influência significativo nas eleições, muitos políticos vêm aos Estados Unidos em busca de votos por procuração, sem um compromisso real com as questões que afectam a vida da comunidade.
"A mensagem é clara: quando se aproximam as eleições, eles vêm até nós, mas fora disso, muitas vezes ignoram as nossas necessidades e preocupações. Precisamos de um compromisso contínuo, não apenas de promessas vazias", acrescentou.
Muitos emigrantes têm chamado a atenção para a necessidade de uma representação mais efetiva dos emigrantes nas decisões políticas em Cabo Verde. Acredita-se que a diáspora deve ter voz ativa nas políticas que afetam a sua vida e a do país. "Não podemos ser tratados como um recurso a ser explorado apenas em tempos de necessidade. Merecemos respeito e atenção ao longo do ano", acrescentou Pedro Santos, outro emigrante contactado pela Bravanews.
À medida que se aproxima o período eleitoral, a comunidade cabo-verdiana no exterior observa atentamente as acções dos seus representantes, questionando se a retórica política se traduzirá em acções concretas que beneficiem os emigrantes a longo prazo. A situação evidencia um desafio persistente: como garantir que as necessidades e preocupações da diáspora sejam levadas em consideração de forma consistente e não apenas durante os períodos eleitorais.
MS