Jose Andrade Lobo, uma jornada de vida e amor pela Brava e por Cabo Verde
Hoje, ao celebrar mais um ano de vida, não posso deixar de refletir sobre as bênçãos que Deus tem me concedido ao longo dos anos. A gratidão transborda em meu coração, não só pela dádiva da vida, mas também pelas muitas oportunidades que surgiram no meu caminho, permitindo-me construir uma história de trabalho, dedicação e amor pela minha terra natal – a ilha de Brava, em Cabo Verde.
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Texto adaptado de um post do autor nas suas redes sociais
O meu nome é José Andrade Lobo, filho de João Sebastião Lobo e Ana Andrade Lobo. Em 1972, deixei a minha terra e embarquei rumo aos Estados Unidos, chegando à América no dia 3 de fevereiro de 1973. Levava comigo, no coração, o amor incondicional por Cabo Verde, e especialmente por Brava, sem saber que, anos depois, Cabo Verde se tornaria uma nação independente.
Foi nesse momento que comecei a perceber o quão especial e significativo é ser cabo-verdiano. Sinto um imenso orgulho por ser filho de Brava e, ao mesmo tempo, parte de um povo que representa todas as ilhas de Cabo Verde. Brava é o paraíso de todos nós, e cada cabo-verdiano carrega, de alguma forma, um pedaço desse paraíso dentro de si.
Desde criança, aprendi que viver é sonhar e que, para se viver plenamente, é preciso sonhar. No entanto, sonhar grande não significa ser arrogante ou egoísta. Ao contrário, sonhar grande é acreditar que podemos fazer a diferença, que nossa jornada tem um propósito maior, e que, no fim, tudo o que deixamos são as boas acções e o legado de nossos esforços.
Minha trajetória não foi fácil, mas cheia de momentos que me tornaram a pessoa que sou hoje. Em 1989, comecei a minha jornada empresarial com o Lobos Lounge e, logo depois, o Lobos Family Restaurante. Tive a chance de expandir ainda mais ao comprar o WSPS Liquor Store, que reformei para servir à comunidade de New Bedford. Este negócio se tornou um ponto de encontro importante, onde não só as pessoas compravam bebidas, mas também pagavam suas contas, já que oferecia serviços como o Western Union.
Se eu olhasse para trás, veria uma história que daria um livro. Mas, como não sou de vender minha vida ou minhas lembranças, estou aproveitando o Facebook para compartilhar alguns momentos que possam inspirar aqueles que buscam força e fé para seguir em frente. Hoje, quero dar um pouco de visibilidade ao meu amor por Brava, um sentimento tão forte que palavras não podem expressar totalmente.
Quando eu era jovem, ajudei meu irmão Napoleão (Pulan di Bar) a administrar o bar da nossa família. Com apenas 14 anos, já estava servindo o melhor bife de Cachaço a Furna e de Fajã d'Água à Baleia. Aos 16, tinha o meu próprio bar, e coordenava o melhor grupo musical da época, o grupo Brilhante, fundado por Sr. José di Ina. Era uma época de festas, de alegria, de muita música e risos, e as salas estavam sempre cheias de belas meninas de Campo Baixo a Mato Grande.
As memórias dos meus tempos em Brava permanecem vivas em mim até hoje. Amigos, família, e aqueles momentos preciosos marcam uma era de ouro que nunca se apaga. O som das violas, do meu irmão Sebastião, do grande amigo Mené Jaime, de Djon di Balbina, e de todos que fizeram parte dessa jornada. O que mais posso dizer? Se eu fosse listar todos os meus amigos e parentes queridos, eu nunca terminaria, porque a lista é longa, como o tempo de amizade e união que tenho com cada um.
Minha primeira viagem a Cabo Verde, mais especificamente para a minha amada Brava, aconteceu em 1979. Um marco que, sem dúvida, moldou a minha relação com o meu país natal e com a terra que me viu crescer. Desde aquela primeira viagem, até o presente, já fiz mais de 120 viagens para Brava! Cada uma delas repleta de emoção e renovação do vínculo profundo que sempre tive com Cabo Verde e, em especial, com Brava, que tem um espaço único no meu coração.
De 1979 até hoje, minha conexão com Brava foi algo extraordinário, algo que transcende as palavras. Durante todos esses anos, mantive um compromisso constante de visitar a minha ilha natal, seja para reencontrar minha família, seja para fortalecer os laços com a terra e a cultura que me formaram. A cada viagem, o coração bate mais forte, a saudade é preenchida, e a sensação de pertencimento se renova.
E esse não foi apenas um compromisso pessoal, mas também um investimento sério. Durante muitos anos, fiz um esforço contínuo de realizar em média seis viagens por ano para Brava, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento e fortalecer os laços com a comunidade. A minha dedicação não se limitou a viajar, mas se estendeu ao trabalho árduo e ao esforço para criar oportunidades para os meus conterrâneos.
Fui privilegiado por ter a chance de empregar 57 pessoas em um projeto que perdurou por quase seis anos consecutivos, um investimento exemplar e, para mim, uma verdadeira missão de contribuir para o bem-estar de Brava. Ter a oportunidade de ajudar a minha terra e ao mesmo tempo criar meios para que outros também pudessem ter uma fonte de trabalho e sustento foi uma das maiores realizações da minha vida. Sempre procurei dar de volta um pouco do que Brava e Cabo Verde me deram, e é por isso que sou eternamente grato a Deus por me ter proporcionado essas oportunidades.
Cada viagem, cada novo passo dado em direção a Brava, cada nova experiência vivida me lembrou da importância de retribuir e de manter viva a chama do amor por nossa terra natal. A gratidão por tudo o que conquistei, pelo que pude proporcionar à minha ilha e aos meus conterrâneos, é algo que não se mede, pois a satisfação de ver as coisas melhorando, de ver o progresso na minha terra, de sentir que fiz a diferença na vida de tantas pessoas é a verdadeira recompensa.
Neste momento de reflexão e celebração, agradeço a Deus pela força, pela visão e pela oportunidade de, ao longo dos anos, continuar a investir em Brava, continuar a fortalecer os laços com minha terra e continuar a ser parte de sua história. O que é feito por amor à terra nunca se perde, e tenho a certeza de que, independentemente de onde eu esteja, Brava continuará a viver dentro de mim, em cada ação e em cada esforço.
Agradeço também às pessoas que, ao longo de todos esses anos, estiveram ao meu lado. Sem a ajuda e o apoio da minha esposa, dos meus filhos e de todos que participaram de cada projeto e de cada viagem, nada disso teria sido possível. Eles são a base sobre a qual minha história e meus projetos se sustentam.
A minha jornada continua, e embora tenha feito mais de 120 viagens a Cabo Verde, ainda há muito por fazer. Brava, Cabo Verde, são mais do que um lugar no mapa. São uma parte essencial da minha identidade. E com gratidão e alegria, sigo meu caminho, sabendo que o que faço hoje tem um impacto direto no futuro de nossa terra, no bem-estar de nossas pessoas e na perpetuação do amor pela nossa cultura e nossas tradições.
Obrigado, Brava, obrigado, Cabo Verde, por tudo que me deram e por tudo o que continuo a receber. Que Deus continue a abençoar a minha terra e a todos os seus filhos, onde quer que estejam, e que a história de Cabo Verde siga sempre crescendo, com fé, esperança e, claro, com muito amor.
Neste aniversário, olho para trás com um sorriso no rosto e um coração cheio de gratidão. A jornada não foi fácil, mas é minha, e a caminho de mais anos, sigo com um espírito forte e pronto para continuar contribuindo para minha comunidade e para o meu amado país, Cabo Verde.
Por fim, agradeço a Deus pela minha vida, pela minha família e por todas as oportunidades que tive para construir algo sólido. A minha história é um testemunho de fé, perseverança e, acima de tudo, de amor por Brava, por Cabo Verde e pelas pessoas que me rodeiam. Obrigado, Brava, obrigado, Cabo Verde, por tudo o que me proporcionaram. E que o futuro seja sempre brilhante, com a certeza de que a nossa história é escrita todos os dias com as nossas ações, com o nosso amor e com o nosso compromisso para com o próximo.
A todos que fazem parte da minha vida, deixo um abraço cheio de gratidão.