José Maria Neves anuncia candidatura presidencial: Defende que Cabo Verde precisa de um Presidente líder com visão inovadora
O ex-Primeiro-ministro José Maria Neves anunciou, esta manhã, numa conferência de imprensa com transmissão live no Hotel Praia Mar, na Praia, a sua candidatura à chefia do Estado de Cabo Verde nas eleições de 17 de Outubro deste ano. Neves fundamentou a sua corrida ao Palácio do Plateau por considerar que o país precisa de um líder forte com uma visão inovadora, capaz de unir os cabo-verdianos na luta pela reconstrução da nação na pós-pandemia.
O ex-Primeiro-ministro José Maria Neves anunciou, esta manhã, numa conferência de imprensa com transmissão live no Hotel Praia Mar, na Praia, a sua candidatura à chefia do Estado de Cabo Verde nas eleições de 17 de Outubro deste ano. Neves fundamentou a sua corrida ao Palácio do Plateau por considerar que o país precisa de um líder forte com uma visão inovadora, capaz de unir os cabo-verdianos na luta pela reconstrução da nação na pós-pandemia.
No seu discurso (ver no espaço Registos deste jornal), José Maria Neves explicou que escolheu Março como mês da árvore, da criação, da poesia e do artesão para lançar a sua candidatura à Presidência da República. «Anuncio esta candidatura em Março. Mês da árvore, da criação, da poesia, da primavera; anuncio esta candidatura neste 19 de Março, Dia do Pai e do Artesão. Um dia que lembra a responsabilidade, o trabalho árduo, o orgulho, a honestidade, a necessidade de amar, de cuidar e de reparar. O país precisa de um Presidente Artesão que ama, que cuida, que repara e nos ajuda a unir as partes, a fazer novas e boas escolhas e a escrever o nosso destino com as nossas próprias mãos».
No seu estilo poético já conhecido, Neves advogou que tem a certeza que quando a estiagem passar, como escreveu o poeta, “... novas seivas brotarão da terra dura e seca, vivificando os sonhos, vivificando as ânsias, vivificando a vida”.
O candidato ao mais alto cargo de magistrado da nação anunciou a sua vontade firme de trabalhar para um Cabo Verde melhor. «Temos grandes sonhos para este nosso país, podemos, juntos, fazer-nos grandes, como os nossos sonhos. Podemos, juntos, escrever com as nossas próprias mãos o nosso destino comum. Estou aqui, para vos dizer que sou Candidato a Presidente da República de Cabo Verde, porque tenho a indómita vontade de construir, com todos, um Cabo Verde melhor, muito melhor».
Tempos complexos e reconstrução do país
José Maria Neves advertiu que Cabo Verde vive momentos difíceis e complexos com a pandemia de Covid-19. «Temos pela frente tempos inéditos e complexos. Já começou o processo de vacinação e espero que, no horizonte de 2021, consigamos, como já anunciou o Governo, a imunização de grupo».
Por isso, JMN garantiu que se for eleito chefe de Estado será o primeiro Embaixador da República a mobilizar a nação na pós-pandemia. «Se eleito Presidente, serei o primeiro Embaixador da República. Trabalharei, em estreita cooperação estratégica com o Governo, para mobilizar a nação, os cabo-verdianos nas ilhas e na diáspora, e parcerias internacionais, públicas e privadas, para continuarmos a combater o vírus, ganhar a imunidade e garantir os investimentos necessários para levantar o país na pós-pandemia».
Face a tudo isto, o candidato presidencial anunciou que tem como prioridade da sua agenda trabalhar para a reconstrução do país. «A reconstrução do país será a minha prioridade. A significativa retração da economia, o aumento do deficit, da dívida, do desemprego, da pobreza e das desigualdades, a falência de empresas, as perdas emocionais e sociais devem levar-nos ao reforço da confiança mútua entre os partidos políticos, ao diálogo, à partilha e à busca conjunta de soluções», defendeu.
Liderança forte e visionária
Para José Maria Neves, todos os cabo-verdianos juntos são poucos para a grandeza da obra que os espera. «Cabo Verde precisa de uma liderança forte, para mobilizar os partidos, as empresas, os sindicatos, as Igrejas, as ONGs, a sociedade civil e os cidadãos, nas ilhas e na diáspora, visando a reconstrução do país, na pós-pandemia. Precisamos mobilizar todas as energias, de um amplo e fundamentado debate nacional, mas também de uma liderança forte, visionária, estratega, inclusiva e catalisadora de processos transformacionais, capaz de marcar a diferença», anunciou.
Atendendo a sua experiência na política, na governação e na academia ao serviço da República, Neves disse que pretende ser não apenas um bom árbitro – conhece bem as regras do jogo -,mas também um dinamizador de novos processos políticos, abrir espaços de participação à todos, uma instância moral, um traço de união, um provedor das liberdades, da democracia e do Estado de Direito, um promotor do país no mundo e um catalisador de dinâmicas sociais orientadas para um crescimento inclusivo e ambientalmente sustentável.
«Precisamos, sim!, de uma perspectiva inovadora e disruptiva, de construir pontes e compromissos, de fazer diferente, de fazer melhor, de cuidar mais das pessoas e da sociedade; precisamos de ruturas – o país tem bem feito tudo o que fez até agora, mas este é o momento de darmos o salto, de buscarmos a sofisticação, a eficiência, a excelência e a eficácia – de reengenharias, de novos consensos, de novos pactos; precisamos acelerar o passo rumo a um futuro muito melhor para as gerações futuras», desafiou.
É que, segundo Neves sintetizou, Cabo Verde precisa de um PR líder neste momento. «O país precisa de um líder, a República precisa de um Presidente disponível para ser o fermento desse novo momento. De um Presidente que une, que aconselha, que adverte, que sugere, que cuida. De um Presidente que assume toda a nossa história, que valoriza a luta contra a subjugação, a independência, as liberdades, a democracia e a ânsia pelo desenvolvimento sustentável», fundamentou.
Legislativas e questionamentos
José Maria Neves aproveitou a ocasião para saudar os partidos fundadores da democracia representativa– a UCID, o PAICV e o MPD – e os partidos concorrentes às próximas eleições legislativas de 18 de Abril. «Espero que as eleições de Abril sejam uma grande jornada cívica, um momento de debate de ideias e de projetos alternativos de governação e uma oportunidade para os cidadãos livremente fazerem as suas escolhas políticas para os próximos cinco anos».
Respondendo a questionamentos de jornalistas, JMN considerou não existir nenhuma conexão entre as eleições legislativas e presidências, admitindo discutir, depois de 18 de Abril, apoios dos partidos, nomeadamente com o PAICV que foi seu líder. Anunciou fazer, durante a campanha, um debate com elevação, respeitando os adversários, principalmente Carlos Veiga que já anunciou a sua participação, pela terceira vez, na corrida ao Palácio do Plateau. Prometeu ainda dar uma atenção especial à diáspora, que tem um papel importante a desempenhar no processo de desenvolvimento da Nação Global que é Cabo Verde. Quanto à situação da Justiça no país, José Maria Neves defendeu que, caso for eleito Presidente da República, vai respeitar com responsabilidade a independência do poder judicial e dos magistrados. Considerou que os questionamentos dos cidadãos sobre o funcionamento da justiça devem ser analisados em espaços apropriados e resolvidos com reformas a serem aprovadas e implementadas por órgãos da soberania. Ver o discurso do anúncio da candidatura de JMN no espaço Registos, deste jornal e imagens do ato a seguir.