Jovens lideram intenção de emigração em Cabo Verde, aponta estudo da Afrosondagem

Uma pesquisa da Afrosondagem revela que 64% dos cabo-verdianos consideram emigrar em busca de oportunidades de trabalho, com destaque para os jovens (76%) e desempregados (82%). A Europa é o principal destino, mas o estudo também destaca divisões sobre a imigração no país.

Dec 25, 2024 - 21:39
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Jovens lideram intenção de emigração em Cabo Verde, aponta estudo da Afrosondagem

Um estudo recente da Afrosondagem sobre a qualidade da democracia e governança em Cabo Verde revelou que 64% dos cabo-verdianos consideram emigrar, sendo a busca por oportunidades de emprego o principal motivo.

Segundo José Semedo, Diretor-Geral da Afrosondagem, o percentual de pessoas com intenção de emigrar subiu de 57% em 2017, antes da pandemia de COVID-19, para 64% em 2024. A faixa etária de 18 a 35 anos destaca-se nesse movimento, com 76% dos jovens expressando interesse em deixar o país. O índice é ainda mais elevado entre os desempregados à procura de trabalho, alcançando 82%.

Semedo ressaltou que a tendência abrange todas as idades e níveis de escolaridade, mas o desejo de encontrar emprego é o principal fator que motiva essa intenção generalizada de emigração. Além disso, 75% dos indivíduos empregados também já consideraram emigrar.

Homens têm maior propensão a emigrar do que mulheres, com 70% dos homens interessados, contra 59% das mulheres. Entre os residentes urbanos, 65% cogitam emigrar, enquanto, em áreas rurais, o percentual é de 60%.

A Europa permanece como o destino mais desejado, escolhida por 61% dos entrevistados, seguida pelos Estados Unidos, preferidos por 28%.

O estudo também abordou as opiniões sobre a imigração em Cabo Verde. Há divisão entre os entrevistados: 34% acreditam que o país deve receber menos imigrantes, 25% defendem a recepção de mais, e 16% preferem manter os níveis atuais. “Somos um país marcado pela emigração, mas temos algumas reservas quanto à imigração,” disse Semedo.

Sobre a emigração de jovens nos últimos anos, 27% dos participantes consideram o fenômeno uma "fuga em massa". Por outro lado, 67% acreditam que essa migração beneficia os países de destino, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.

A pesquisa, parte do 10º estudo Afrobarometer/Afrosondagem, foi realizada com 1.200 entrevistados nas ilhas de Santiago, São Vicente, Santo Antão e Fogo, cobrindo mais de 85% da população cabo-verdiana.