Leilão do INPS. Ex-governador do BCV fala de hipocrisia de JMN sobre autonomia do banco central e manda indirectas a João Serra
Post agressivo de Carlos Burgo, antigo Governador do Banco de Cabo Verde, ataca o presidente da República, que diz ser incoerente na posição que hoje defende sobre a autonomia do banco central e lança indirectas ao conselheiro económico do Chefe de Estado, João Serra, também antigo ministro das Finanças e seu sucessor como governador do BCV.
“Para quem, como eu, passou por tantas agruras (pagou elevado preço e até ainda sofre as consequências disso) apenas por ter defendido a autonomia do banco central, não deixa de surpreender a incoerência (para não dizer a hipocrisia!) do JMN”, começou por escrever na sua conta do facebook o antigo ministro das Finanças de Neves e depois Governador do Banco de Cabo Verde (2004-2014).
No seu post desta tarde, Burgo, hoje reformado a viver na ilha Brava, deixou entender que, enquanto líder do banco central, pediu mais autonomia para o BCV, mas que José Maria Neves, na altura primeiro-ministro de Cabo Verde, nem ligou. Pior, disse o economista bravense que teve de responder em certas ocasiões perante o ministro das Finanças e Planeamento sobre assuntos do BCV, "com beneplácito ou conhecimento" do então chefe do Governo, JMN.
“Se a memória não me atraiçoa, enquanto fui Governador do BCV, em duas ocasiões, por orientação (pelo menos com o beneplácito ou conhecimento) do então Primeiro Ministro JMN, foram convocados o Governador e os Administradores do banco central…. para ir prestar contas ao Ministro das Finanças!?!? Sem dúvida, bem aconselhado está S.Excia. o Presidente da República! Arre!”, comentou Burgo, numa implícita indirecta ao actual conselheiro do PR e seu sucessor no BCV, João Serra.
A reação de Carlos Burgo acontece depois de o presidente da República ter considerado que o leilão do INPS "não foi transparente" e que o Governo não pode realizar, como disse o ministro das Finanças, a reunião entre o BCV, INPS e o próprio Executivo para articular posições porque isso contraria a autonomia e Independência do Banco Central.