Na semana passada uma pasta chamou-me atenção: a pasta intitulada «A LUTA CONTRA O ISOLAMENTO, TRABALHOS NA PORTA DE ENTRADA DA ILHA BRAVA». Consultando-a pude relembrar de grandes memórias nela armazenadas dando conta dum grande trabalho realizado por uma vasta e diversificada equipa de intervenientes, em torno do tema «ISOLAMENTO». Estou a falar das memórias dos Projetos:
Cabo Verde Fast Ferry (navio do tipo catamarã, especialmente concebido para o transporte de passageiros a alta velocidade, com o maior conforto e espaço disponível e em condições de mar adversas);
Extensão do CAIS DA FURNA (para aumento da capacidade e produtividade; modernização para permitir a utilização mais eficiente dos recursos existentes, aumentando a capacidade de movimentação de cargas e a produtividade);
Cais MÓVEL (para operações ROLL ON ROLL OF, permitindo otimização, agilidade e flexibilidade na logística e redução de custos);
Dragagem da BAÍA (para remoção de sedimentos do fundo do mar, remediação ambiental, aprofundamento e manutenção da baía de ancoramento por forma a garantir as melhores condições de navegabilidade possíveis);
Proteção da Orla Marítima (faixas de salvaguarda de erosão, galgamento e inundação costeira: visando conter a exposição de pessoas e bens aos riscos; garantindo a proteção territorial às vulnerabilidades do meio envolvente; assegurando a compatibilização com o agravamento da vulnerabilidade aos riscos costeiros);
Terminal de Passageiros e Requalificação da Alfândega e Serviços da ENAPOR (pela a necessidade de, em função das demais operações realizadas de transformação, dotar o porto de infraestruturas capazes de garantir condições de segurança e conforto aos utentes e operadores do transporte marítimo na área);
Asfaltagem da Estrada de Acesso (para conectividade e integração: porto conectado com eficiência à rede principal de transporte terrestre, fundamental para melhorar a sincronização e a coordenação das operações portuárias, permitindo uma logística mais fluida e uma maior visibilidade da cadeia de suprimentos).
Uma grande experiência vivida/vivenciada em torno de um «PACOTE DE PROJETOS COM FOCO NA NOSSA ILHA BRAVA» com provas bem evidenciadas de que «quando estamos em comunhão de esforços e vontades, quando damos mostras da nossa competência e das nossas potencialidades, quando há crédito da vontade política congregada e em prol do desenvolvimento da nossa Ilha e uma liderança efetiva na mobilização de parcerias e com visão de desenvolvimento, as coisas são outras».
As capacidades de liderança, comunicação, negociação, trabalho em equipa e de como desenvolver competências fizeram escola durante todo o processo de construção de consensos e os projetos tomaram rumo. A Brava ganhou. Os resultados vieram e, ainda, estão à vista de todos nós. São experiências que devem sempre merecer referência e tidas na mais alta conta por autoridades, quer nacionais quer locais, e observadas por todos os cidadãos bravenses amantes do desenvolvimento da nossa Ilha.
O «caminhar para frente», um discurso muito difundido, deverá ser medido a partir dessas referências. Senão corremos o risco de cair no conformismo, um elemento presente na «doença do fanatismo», e, por conseguinte, no caminho dos que seguem cega e acriticamente, com zelo extremado, uma ideia falsa, tornando-se sua conduta opressiva, até com recurso à violência, em defesa da conservação do seu ponto de vista. Estamos ou não vivendo essa realidade?
É assim que, no compasso do trabalho de organização de informações e de montagem de imagens referentes à esta postagem, me deparei com o pensamento de uma pessoa anónima dizendo o seguinte:
«Eu acredito mesmo que nem sempre seguir em frente é sinônimo de progresso. Da mesma forma, acredito que dar um passo atrás não é necessariamente um sinal de retrocesso, mas sim de maturidade e humildade por termos reconhecido que o caminho pelo qual estávamos seguindo não era o correto. Só que, muito embora todos nós tenhamos a condição de dar esse passo atrás para refletir melhor sobre o caminho que está sendo tomado, dificilmente encontramos pessoas dispostas a fazer isso. O motivo? Muitos acham que dar um passo atrás é sinal de fraqueza».
Tal constatação fez-me/faz-nos lembrar um clássico do cinema: Alice no País das Maravilhas, sobretudo quando a um determinado momento do filme, Alice fica em dúvida sobre qual caminho tomar quando se vê diante de uma verdadeira encruzilhada e pede apoio ao gato que encontra na trilha. A fábula serve para nos mostrar que saber para onde se quer ir é o mais importante, porque quem deseja chegar a algum lugar, chegará. Em qualquer lugar. Só que talvez esse lugar não seja aquele que desejávamos. Por isso que às vezes é preciso parar, para analisar cuidadosamente onde estamos a fim de determinar para onde queremos ir. A caminhada e a própria velocidade da caminhada somente farão sentido quando a gente sabe para onde está indo.
Guardo gratas recordações dessa quadra.
FRANCISCO COELHO