Ministro das Finanças na audição pela CPI: Estado está a injectar anualmente cerca de um milhão de contos na TACV para viabilizar a empresa
O Estado de Cabo Verde continua, afinal, a injectar rios de dinheiro para viabilizar a TACV com vista à sua privatização. É que o Governo, através do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, admitiu hoje,12, que o Estado está a injectar anualmente na TACV cerca de um milhão de contos para “viabilizar” a empresa.
“Para viabilizar a empresa (TACV-Cabo Verde Airlines) até à sua privatização é preciso que a financiemos do ponto de vista da sua operação e que encontremos uma solução para o saneamento financeiro e redução do pessoal”, precisou o governante, citado pela Inforpress, acrescentando que isto obriga que o Estado “tenha que aportar recursos” para que a transportadora aérea nacional funcione.
Segundo o governante, a situação actual da TACV deriva daquilo que foi o passado que o seu Governo herdou, mas garantiu que, a partir do momento em que a empresa for privatizada, a transferência dos recursos do Estado “vai ser zero”.
Olavo Correia, que falava à imprensa à margem da sua audição, nesta segunda-feira, em sede da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a gestão da companhia aérea de bandeira desde 1975 a 2017, deixou transparecer que por enquanto o apoio do Estado vai acontecer, quer para os voos domésticos, quer para os voos internacionais.
Instado sobre alternativas no caso de a Icelandair não se mostrar interessada na privatização da TACV, afirmou que o Governo está a trabalhar para que a solução “seja positiva”.
“Temos planos B e C, mas o mais importante é que há um comprometimento das partes para a viabilização desta operação até à privatização (da TACV)”, indicou o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, para quem se está perante um “período complexo e exigente”, já que o Governo não quis liquidar a empresa por causa do problema do pessoal ainda por resolver.
Na sua perspectiva, o “hub” no Sal será uma “solução de futuro para Cabo Verde” e que com o aumento de passageiros e a melhoria das condições para as empresas haverá um retorno do ponto de vista de impostos e da economia que cobrirá as responsabilidades assumidas até à privatização da TACV.
Revelou que ainda este mês vai haver uma avaliação das actividades da Icelandair e logo de seguida serão acelerados os passos para que o processo fique concluído com a “maior rapidez possível”.
O processo para a privatização da transportadora aérea nacional, prossegue o governante, vai começar a ser negociado após uma avaliação feita sobre a TACV por uma “entidade internacional reputada”.
Para Olavo Correia, a “excelente localização geoestratégica” do arquipélago permite criar uma boa plataforma aérea a partir da ilha do Sal, onde, diz ele, existem “excelentes condições ao nível de infra-estruturas”.
“Temos um plano de negócios para conectar África com Cabo Verde, Europa e Estados Unidos e temos uma entidade parceira com experiência e know-how em matéria de edificação e gestão do hub”, enfatizou, apontando que existe uma entidade financeira disponível a financiar a empresa durante o primeiro ano de actividade.
Assegurou aos jornalistas que os dados na posse do executivo apontam que existem condições para se fazer de Cabo Verde uma plataforma de distribuição ao nível dos transportes aéreos internacionais.
Relativamente aos riscos inerentes ao negócio da TACV, explicou que depende da avaliação do valor da companhia aérea nacional, e, sobretudo, de todo o processo do saneamento em curso, nomeadamente a “redução do pessoal mediante a indemnização”.
“A solução alternativa era a liquidação da empresa. Por razões obvias não quisemos ir para a liquidação. É bom que todas as partes, os sindicatos e o Governo, possamos chegar a um entendimento para que este processo seja conduzido com sucesso”, pediu o ministro. C/ Inforpess