Músico e compositor Nhelas Spencer exalta com a cobrança dos direitos autorais em Cabo Verde
Cidade da Praia, 25 Abr (Inforpress) – O músico, intérprete e compositor, Nhelas Spencer, mencionado como o grande inovador da música tradicional, considera fundamental que a sociedade cabo-verdiana se sensibilize com o reconhecimento dos direitos autorais, sobretudo num país que tem na música o seu cartão-postal.
Cidade da Praia, 25 Abr (Inforpress) – O músico, intérprete e compositor, Nhelas Spencer, mencionado como o grande inovador da música tradicional, considera fundamental que a sociedade cabo-verdiana se sensibilize com o reconhecimento dos direitos autorais, sobretudo num país que tem na música o seu cartão-postal.
Com dezenas de obras gravadas por intérpretes renomados, que vão desde Cesária Évora a Ildo Lobo, passando pela nova geração, como Maira Andrade e Lura de entre muitas outras vozes, Nhelas Spencer considera fundamental o respeito pelos direitos autorais, como forma do país manter firme a sua idoneidade reconhecida mundialmente.
Declara mesmo que a maior parte dos intérpretes da música cabo-verdiana já gravou a sua melodia, sublinhando, contudo, que dos intérpretes que marcam a música cabo-verdiana, apenas o Bana não gravou as músicas que compôs, por opção do próprio compositor, “por razões múltiplas”.
“O autor é aquele que cria, que materializa sentimento dos compositores. Compõe músicas para que grandes vozes possam cantar. Por isto é muito importante para Cabo Verde e para o mundo. O autor merece o seu devido valor”, alerta Nhelas Spencer, ressalvando que a música está ligada a humanidade, desde o seu nascimento.
Sem a música, exemplifica, fica difícil a existência das discotecas, bares, restaurantes, hotéis, televisão, sobretudo rádio, concertos, para sublinhar que os autores criam as suas obras para abrilhantarem momentos marcantes da vida, ao mesmo tempo que caracterize a identidade cultural de um povo.
Regozija-se pela forma como o Dia Mundial do Direito do Autor foi comemorado em Cabo Verde, reconhecendo que a própria lei defende e protege o titular das suas obras contra o uso, abuso e desrespeito da sociedade em relação à sua criação, com direito exclusivo e disposição sobre a sua propriedade.
É que para Spencer, o facto da Sociedade Cabo-verdiana de Música, SCM proceder, pela primeira vez em Cabo Verde, a distribuição dos direitos de autor na rúbrica de execução de música ao vivo, terá um significado muito importante, essencialmente para os criadores, asseverando que para além de incentivar os autores, está-se a fazer uma justiça a que os criadores há muito reivindicavam.
Membro da direcção da SCM, enaltece o trabalho que esta organização tem vindo a fazer para despertar a atenção de todos em matéria do pagamento pelos direitos autorais e diz que se sente feliz por esta iniciativa que se considera louvável, já que para ele, “este facto inédito já deveria ter acontecido há muito tempo”.
Por esta razão afirma que está mesmo radiante por pertencer a organizaão e pela forma como participa, de forma activa, nas actividades realizadas, por entender que “já era altura de a sociedade tomar uma posição em relação a esta matéria”, no capítulo da “protecção jurídica de obras intelectuais, enquanto uma das bases do desenvolvimento sustentável das sociedades modernas”.
A compor desde os 15/16 anos, Nhelas Spencer é claro em afirmar que já perdeu a noção de obras que já criou e que já tiveram muitas contribuições para o engrandecimento da música cabo-verdiana, ainda que não se preocupe, com o número de obras concebidas, porquanto vai continuar a compor, consoante as suas aspirações.
“Não contabilizo o número de obras que eu faço. Vou fazendo”, clarifica Spencer, que encontra “na mulher e terra amada”, Cabo Verdem, a sua fonte de inspiração, e aponta mesmo os temas como “Mudjer ca bitche”, “Mudjer na fronta”, “Desilusão de uma mulher” e temáticas como “Nha Terra Scalabrado”, Torrão d’meu” como exemplos.
Modéstia a parte, Nhelas Spencer disse que tem a noção perfeita do contributo que tem dado à musica cabo-verdiana, pelo que diz acreditar que com a remuneração pelos direitos autorais, pela utilização das obras dos autores pelos usuários, Cabo Verde só tem a ganhar, uma vez o reconhecimento incentiva os criadores de cultura, agentes e entidades das indústrias culturais.
SR
Inforpress/Fim