Nossa Senhora do Monte em total abandono, quase em escombros - Jack de Pina
Jack Pina, artista, compositor, cantor, empresário e ativista da Brava, opina sobre o último diagnóstico realizado na ilha. Ele afirma que a culpa não deve cair como as muralhas.
Sem rodeios, responsabiliza a administração de 2016 pelo drástico afundamento da Ilha Brava. “Não tenho medo de chamar os malefícios pelos seus nomes. Esta é, sem dúvida, a pior administração que a Ilha Brava já teve. Eles varreram e pintaram toda a freguesia de São Baptista, mas deixaram a nossa freguesia de Nossa Senhora do Monte em total abandono, quase em escombros, suja e à mercê do destino. Esqueceram que o povo não vive de calçadas nem de paredes pintadas. Essa mesma administração, vingativa, que espalhou ódios, maldades e vinganças, são os mesmos que estavam no poder em 2016 e que devem assumir seus erros e fracassos. Cometem crimes que forçam a população a fugir da ilha. A Ilha Brava não pode ser apenas de alguns, queremos uma Ilha Brava para todos, especialmente em relação ao desenvolvimento da vila de Nossa Senhora do Monte, negligenciada pela administração de Nova Sintra.
Nossa Senhora do Monte foi elevada à categoria de vila durante o governo de José Maria Neves e do então presidente da câmara, Camilo Gonçalves. Em 2016, foi serenada pelos mesmos que hoje estão no poder. Não temos uma clínica adequada para emergências, não temos um banco, não temos um posto de combustíveis, não temos um posto policial e muitos outros serviços essenciais.
A população da vila de Nossa Senhora do Monte está cansada de ser tratada como gente de campo, da banda baixa, da montanha, com estradas em péssimas condições, como batizou a Ministra de Infraestruturas, Eunice Silva. Temos um governo que faz muito pouco, com promessas vazias desde 2016, enganando o povo da ilha. Perguntamos: onde está o aeródromo, as estradas asfaltadas para a vila de Nossa Senhora do Monte, a estrada para Baleia, a estrada da Fajã d’Água, a estrada para Cachaço e as antigas estradas entre buracos e pedras soltas? Todas estão destruídas.
O povo da Ilha Brava terá em dezembro próximo a oportunidade única de promover a mudança desejada pela maioria dos bravenses, com um candidato humanista e consciente, capaz de servir melhor à população. Queremos um líder que saiba cuidar da ilha e do seu ambiente, como já fomos um dia. Queremos um presidente da câmara com postura e compostura, um defensor exemplar da população, que saiba respeitar mulheres, homens, animais, cães, gatos e todos os seres vivos, sem violência.
É necessário falarmos em termos simples, para que todos entendam que Djabraba precisa de uma mudança de mentalidade. Djabraba não é do governo e muito menos do presidente da câmara; Djabraba é dos bravenses e de todos os cabo-verdianos. Somos todos iguais, cidadãos com direitos e deveres.
Queremos preservar o que temos, não destruir o que já foi construído. O que vemos hoje são aldeias destruídas, despovoadas, caminhos vicinais inutilizados, terrenos sem demarcações, animais soltos, árvores frutíferas e regadios abandonados sem água. Há famílias e aldeias que passam meses sem água. Eu mesmo testemunhei, em maio deste ano, em Cachaço, a sede dos animais e a carência de água nas casas das famílias.
A mensagem que aqui deixo é para que todos tenham motivação e força para combater e promover mudanças. Vamos nos unir para enfrentar os novos desafios. Vamos fazer limpezas, da Casa Branca até os barracos, porque a casa está suja desde 2016, e os bravenses sofrem com medo de reclamar, pois, para a maioria, tudo está muito mal.
Vamos limpar e organizar nossos espaços. Por uma causa justa, por um Djabraba de BÉS, um Djabraba para todos, uma Brava para o futuro. A Casa Branca do povo está limpa por fora, mas precisa de uma limpeza interna.
Queremos um líder, um pensador, um bom servidor, com a postura que os bravenses merecem. Ilha das Flores, ilha de todos.
Jack Pina