Nunca me verão inaugurando casas de banho - Abraão Vicente

Tradicionalmente, a inauguração de obras públicas é vista como uma forma de celebrar avanços na infraestrutura e melhorias na qualidade de vida. No entanto, em muitas ocasiões, esses eventos se transformam em palcos de promoção política. A entrega de casas de banho reformadas, que deveriam ser um momento de alegria e dignidade para os moradores, acaba se tornando uma ferramenta para angariar votos.

Um ponto central da crítica é a exposição dos moradores, que frequentemente têm suas imagens e histórias divulgadas nas redes sociais, sem a devida consideração pelo impacto que isso pode ter em suas vidas. Para muitos, essa exposição é sentida como uma forma de humilhação, reduzindo um momento de necessidade e esperança a um mero espetáculo político.

O acto de entregar uma casa de banho reformada deve ser, acima de tudo, um momento de respeito. As comunidades merecem que suas necessidades sejam atendidas de forma digna e que suas histórias não sejam transformadas em propaganda. A luta por infraestrutura básica não deve ser tratada como um evento midiático, mas como um compromisso sério de melhorar as condições de vida das pessoas.

Em vez de utilizar a requalificação de espaços públicos como uma forma de capitalizar votos, é crucial que os representantes políticos adoptem uma abordagem que priorize a dignidade dos cidadãos. Isso implica trabalhar em estreita colaboração com as comunidades, ouvir suas necessidades e garantir que as melhorias feitas sejam realmente para e por elas.

À medida que o debate sobre a forma como as inaugurações de obras públicas são realizadas continua, é fundamental lembrar que o foco deve estar na qualidade de vida das pessoas, e não na busca por aplausos momentâneos. O respeito e a dignidade devem estar sempre em primeiro lugar, garantindo que todos os moradores sintam que suas necessidades são tratadas com a seriedade que merecem.