O Desporto da Brava e o "des" interesse dos jovens pelas modalidades de salão

Globalmente a actividade desportiva tem que adoptar uma nova postura e um conjunto de medidas que não poderão diferir, na sua essência do que é recomendável para os outros sectores da sociedade: Contenção nas decisões técnicas , mas melhor visão na questão de financiamento e preocupação na formação de base (escolas).

Jul 15, 2017 - 05:00
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O Desporto da Brava e o "des" interesse dos jovens pelas modalidades de salão

 

Globalmente a actividade desportiva tem que adoptar uma nova postura e um conjunto de medidas que não poderão diferir, na sua essência do que é recomendável para os outros sectores da sociedade: Contenção nas decisões técnicas , mas melhor visão na questão de financiamento e preocupação na formação de base (escolas).

Este texto vem na sequência de um post numas das redes sociais, da autoria de Adilson de Bango, antigo Presidente do Club Desportivo Coroa do Mato e um activista social.

“Lembro de que anos atrás a ilha Brava participava com regularidade no campeonato nacional de voleibol e outras modalidades” e perguntou ao responsável do Desporto da ilha Brava, lê-se Vereador Francisco Walter, “o que tem andado a fazer no desporto da Brava”, que em anos anteriores, criticava de forma acérrima o anterior Vereador Reinaldo Martins pelo seu desempenho enquanto responsavel da area….e chegando ao titular da pasta, “Walter assobia para o lado”.

O post gerou reações diversas, os quais destacamos do antigo Presidente da Associação de Futebol, António de Pina, que atribui parte da culpa da nao participação da ilha ao desleixo, “larga corpo” dos poucos praticantes das referidas modalidades. “Há dias, por acaso” estivemos a falar nesta matéria, modalidades de salão e concluímos que para além de ser reduzido o número de praticantes, estes ja desleixaram”. Nao ha Vereador, Governo ou Câmara Municipal nenhuns que possam obrigar os jovens a praticarem esta modalidade, caso não houve boa vontade e termina dizendo “decepcionado com a postura de letargia e inércia em que se encontram no espírito dos jovens que parece ser sem retorno”.

Naturalmente que estas opiniões gerarem tantas outras e o Vereador da área, no post único, responde de que há equívocos graves que precisam ser esclarecidos.

As Câmaras Municipais não devem interferir na criação de ASSOCIAÇÕES, podendo apoiá-las. “O dinheiro público não deve ser canalizado em algo ser regras, sem dirigentes, ou seja, em algo desestruturado”, alega.

Enquanto Vereador dos Desportos da CMB, Walter Tavares assume de que a política desta equipa camarária é apoiar as modalidades estruturadas e com demonstração clara, “de engajamento dos dirigentes e dos atletas”.

Inicialmente, em todos os orçamentos orçamentos municipais entravam verbas para o Andebol, Voleibol, Basquetebol, Atletismo e Ciclismo. “No entanto, nunca apareceu uma organização (nem digo uma Associação) a solicitar tais verbas para o Andebol, o Voleibol e o Basquetebol”, afiança este dirigente político.

“As equipas que existiam (convém dizer, de há muito tempo) desapareceram ... NÃO É ATRIBUIÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL CRIAR EQUIPAS ... Se analisarmos a prática desta equipa camarária, conclui-se que temos feito esforços (financeiros) para apoiarmos quando há demonstração de interesse e dedicação ... Vejamos os casos do Ciclismo e do Atletismo (neste final de semana 3 jovens bravenses estarão na ilha do Sal a defender as cores da Brava no campeonato nacional) - Esses atletas não ficaram em casa à espera da Câmara (como sugere o autor do post) para depois se dedicarem e iniciarem a prática ... iniciaram, porque gostam da modalidade, e depois, mesmo sem associação local, procuraram a CMB que de tudo fez para os colocar em provas um pouco por todos os municípios do país - e tiveram sucesso.

A política da Câmara é criar condições para a prática das modalidades e isso temos feito: construímos a Placa da Baleia, Substituímos o piso do Polivalente da Furna, Iluminamos o Polivalente do Lem e de NªSªde Monte (este com outras intervenções tambem) e reconstruimos a tabela de basquetebol do polivalente da igreja do Nazareno.

Apoiamos todas as organizações que apresentaram projectos com atividades desportivas nas festas juninas ... compramos e distribuímos 10 equipamentos e mais de 30 bolas para o futebolinho. Será que para além disso deverá ser obrigação da CMB ir motivar os jovens para praticarem as modalidades? Acho que não. Os tempos de sucesso das modadlidades de salão na Brava e com representações condignas a nível nacional está ligada ao período em que o Professor Abel Alfredo permaneceu na Brava e alguns anos após a sua saída da Brava. Ele, para além de professor, apresentava projectos / iniciativas à CMB que o apoiava na sua materialização .... que outro "ABEL" apareceu-me nestes 5 anos? NENHUM. Em relação ao Futebol, que mantém com ASSOCIAÇÃO, a aposta desta equipa camarária foi no reforço do patrocínio financeiro da CMB aos clubes - com aumento a rondar os 30% e com subsídio à própria Associação e apoios diversos à equipa campeã superiores a 200.000$00”.

Termina de forma sarcástica, Não sou VARIADOR, NÃO ESTOU AQUI PARA "VARIAR" NADA , SOU SIM VEREADOR.”

Há sinais de grande preocupação e apreensão, porque se ao poder público, a quem a lei atribui a função de “promover o desporto”, pois mente sao deve vir junto com corpo sao, não o faz ou até “lava as mãos”, o que sera de outras instituições.

Quando a lei fala em promover, este alarga este campo ao incentivo financeiro e material, a formação, a políticas de atracção e até a “motivação” dos jovens.

Exemplos de outras paragens como a China, os Estados Unidos da América, o Brasil e alguns países da Europa, esta questão da “Variação”, começa na tenra idade, onde se investe milhoes para descobrir o talento de cada criança.

Pagamos impostos e parte dele deve ir para a educação desportiva, que pressupõe aposta nos alunos, de 6 anos ou até antes, a gostarem das modalidades desportivas, fazendo jus ao ditado que é de pequeno que torce o pepino, pois quando grande, já não se tem mais jeito.

“Caminho longe ta andado de véspera”. Nao vale a pena inscrever centenas de contos para apoio às modalidades, se elas não existam, e ao poder público é atribuído a função de organizar a sociedade, porque se deixarmos que isso aconteça do nada, pergunta-se, qual a função do poder municipal e nacional.

É importante ressaltar que a crise que vive nas modalidades de salão decorre do desinteresse sim dos jovens, mas acima de tudo das esperancas que se criam com promessas que nao serao cumpridas, que maculam todo este processo, que deveria ser uma obrigação do Estado e nao um favor, que se faz aos jovens.



 

Brava chegou a ter muitos praticantes destas modalidades, num casamento perfeito entre jovens entusiastas e o poder publico. Onde estao estes jovens?, o que aconteceu?

Antes de fabricar “desculpas” e assobiar para o lado será necessário sentar a mesa e levantar as causas, actuando na procura de soluções, construída em conjunto e não no conforto dos gabinetes.

O Vereador deve ir ao terreno, reunir com os jovens, com equipas, com pessoas, que tem sentimentos, emoções, querer e vontade, e trabalhar, qual “pai” na procura de solução para sua “família”, exactamente o que deve representar o poder público na condução do que entender bom e benéfico para uma sociedade livre e democrática.

Moises Santiago