O DEVER DE SILÊNCIO por Maika Lobo
Muitas vezes certos jornalistas assumem a postura de virgem ofendida, desancam nas pessoas ou instituições e acham que os desancados têm o dever de ficar mudos e quietos, de contrário não são democratas.
Ou seja, só eles têm o direito sagrado de criticar! Há quem esteja a criticar o MpD porque reagiu em comunicado, protestando e dizendo que ia apresentar queixa à Agência Reguladora da Comunicação Social. O que o MpD fez é a supina prova da independência total dos órgãos públicos de comunicação social.
Efetivamente, quando um partido político no poder, com maioria absoluta, emite um comunicado oficial fazendo críticas a um jornalista de um órgão de comunicação social do Estado e enunciando que vai apresentar uma queixa, fica provada a independência da comunicação social no país. OU SEJA, O GOVERNO NÃO PODE FAZER MAIS DO QUE FAZ UM SIMPLES CIDADÃO QUANDO SE SENTE OFENDIDO POR UM JORNALISTA OU ÓRGÃO DE IMPRENSA.
Protesta ou apresenta queixa. Há gente que acha que o governo deve é ficar calado, quieto e mudo. Se não fizer assim não é democrata. Não e não! Em democracia os ofendidos têm o direito de reagir fazendo uso dos meios legais disponíveis. Em Cabo Verde quer fazer escola que fazer isso, denunciar, protestar ou queixar-se é.... um ato de ditadura, mas quando o Presidente da República ou a oposição se queixa, ninguém diz nada, mas se for o MpD a queixar-se é ... uma desgraça. Conveniências, conveniências.
A ditadura não apresenta queixa contra um funcionário público. Não precisa! Numa ditadura, para começar, o funcionário público nem ousaria atacar o governo. E se atacasse, não haveria denúncia ou queixa como fazem os simples cidadãos, pois que os meios usados para calar seriam outros, que todos nós conhecemos durante o período do partido único. Qualquer um que conheça minimamente os regimes autoritário sabem como fazer calar os jornalistas no silêncio da noite.
