O INE acaba de divulgar as estimativas das Contas Nacionais Trimestrais

O INE acaba de divulgar as estimativas das Contas Nacionais Trimestrais (CNT) referentes ao último trimestre do ano transacto (2022), com um crescimento acumulado em relação ao ano anterior (2021) de 17.7%, ultrapassando em muito todas as previsões inicialmente divulgadas. O erro nas previsões deveu-se, essencialmente, ao facto de nelas não se ter considerado o perfil intra-anual de crescimento em 2021, caracterizado por uma forte recuperação da economia no último trimestre desse ano.

Apr 5, 2023 - 04:16
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O INE acaba de divulgar as estimativas das Contas Nacionais Trimestrais

O INE acaba de divulgar as estimativas das Contas Nacionais Trimestrais (CNT) referentes ao último trimestre do ano transacto (2022), com um crescimento acumulado em relação ao ano anterior (2021) de 17.7%, ultrapassando em muito todas as previsões inicialmente divulgadas. O erro nas previsões deveu-se, essencialmente, ao facto de nelas não se ter considerado o perfil intra-anual de crescimento em 2021, caracterizado por uma forte recuperação da economia no último trimestre desse ano.

Com efeito, mesmo sem nenhum crescimento da economia em 2022, mantendo-se o PIB trimestral no nível alcançado no IV trimestre de 2021, a taxa de crescimento em 2022 relativamente a 2021 teria sido de cerca de 13%!!! Isso significa que para que o crescimento anual do PIB fosse inferior a 13% teria de ter havido uma recessão da economia em 2022, cenário esse não considerado em nenhuma previsão divulgada. Já a taxa registada de crescimento em relação ao trimestre homólogo (equivalente neste caso ao crescimento intra-anual em 2022) foi de 9.1%, não inteiramente desfasada das hipóteses e pressupostos das previsões divulgadas pelas diferentes instituições. O contexto era invulgar, mas espera-se que se tenha aprendido com os erros, pois importa sempre considerar, designadamente nos exercícios de previsão, a dinâmica mais recente da economia, informação essa que pode ser extraída das estimativas das CNT que, felizmente, já são calculadas e publicadas atualmente. A propósito, o crescimento trimestral anualizado no último trimestre, indicando a dinâmica mais recente de crescimento, é de apenas 2.8%, não considerando a sazonalidade (pouco acentuada no nosso caso, mas que de todo o modo seria desfavorável).

 

Carlos Burgo