O meu apelo é escrevermos e falarmos mais em língua portuguesa, que é também nossa língua - Samuel Santiago

Sou apologista que a língua cabo-verdiana, o crioulo - nossa língua materna - ganhe espaço e projeção a nível nacional e internacional e, quiçá, um bom e extraordinário percurso para a sua oficialização. Enquanto isso, as pessoas, principalmente no mundo das redes sociais, vão se comunicando, como bem entenderem, tentando escrever na sua língua materna, mas que, ainda, nem sequer possui a foma convencional de escrita. Há estudos e, inclusivé, trabalhos produzidos por parte de alguns linguistas e estudiosos no tocante ao assunto, porém, apenas constituem bases que se vão criando para um longo e desafiador percurso na busca de uma matriz que venha a ser adotada oficialmente.

Nov 9, 2017 - 11:56
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O meu apelo é escrevermos e falarmos mais em língua portuguesa, que é também nossa língua - Samuel Santiago

Sou apologista que a língua cabo-verdiana, o crioulo - nossa língua materna - ganhe espaço e projeção a nível nacional e internacional e, quiçá, um bom e extraordinário percurso para a sua oficialização. Enquanto isso, as pessoas, principalmente no mundo das redes sociais, vão se comunicando, como bem entenderem, tentando escrever na sua língua materna, mas que, ainda, nem sequer possui a foma convencional de escrita. Há estudos e, inclusivé, trabalhos produzidos por parte de alguns linguistas e estudiosos no tocante ao assunto, porém, apenas constituem bases que se vão criando para um longo e desafiador percurso na busca de uma matriz que venha a ser adotada oficialmente.

É legítimo que se busque um debate construtivo sobre a oficialização do crioulo, antecedido por um conjunto de trâmites educacionais e legais. A minha grande preocupação é que cada vez mais nos escusamos a utilizar a língua portuguesa nos poucos espaços que temos e nos refugiamos na "crioulagem". O mais preocupante, ainda, é que isto ocorre entre profissionais de Educação, estudantes, desde primários a universitários, enfim... Se cada vez mais há menos prática do português (e não quero, de modo nenhum, abdicar-me de escrever nesta língua sob pena de desaprendizagem!), há por outro lado cada vez mais gente, buscando na "crioulagem" uma alternativa ao fraquíssimo desempenho em língua portuguesa. Conclusão: Cada vez mais que se escreve em crioulo, não existe o que chamamos de prática linguística, porque não existe, ainda, regras convencionais adotadas oficialmente para a comunicação em crioulo. Significa que se escolheu um código para a escrita mais fácil de ser cpmpreendido, porque tenta-se reproduzir os sons de acordo como nós falamos, a partir da nossa língua materna, com recurso aos fonemas e grafemas das outras línguas, particularmente do português.

Sendo os jovens, a população em crescendo e que constitui a faixa etária mais expressiva, a que, provavelmente, utiliza mais as redes sociais, logo, a meu ver, há cada vez menos utilizadores a usarem a língua portuguesa. Sendo assim, temos cada vez mais menos falantes da l[ingua portuguesa, menos aqueles que a utilizem na escrita. Há cada vez mais gente que saisaem das universidades com problemas sérios nesta língua porque falta uma boa base, falta prática, falta leitura, escrita, oralidade... falta uma atenção particular à nossa formação .

Para terminar, que língua, então, se está a utilizar na escrita? Falámos o crioulo cabo-verdiano... Será que ao tentarmos traduzir para a linguagem escrita, dizemos que escrevemos em crioulo? Por que há mais gente usando esses códigos de escrita não convencionais para se poder comunicar ( a hipotética escrita do crioulo) e, como isto está afectar os cabo-verdianos na prátiva da língua portuguesa?

O meu apelo é escrevermos e falarmos mais em língua portuguesa, que é também nossa língua. Não signifique que não optemos por tentar escrever em crioulo. Mas é preciso que todos nós cabo-verdianos assumamos a língua portuguesa, como, também, nosso património.

Reflitamos sobre esta problemática nacional!!!! Obrigado!

Samuel Santiago