O meu umbigo esta enterrado na ilha do Fogo - Luisa Jorgensen
“Ami ê di undi?” Ultimamente quando me perguntam de onde sou, digo que sou uma cidadã do universo.
“Ami ê di undi?” Ultimamente quando me perguntam de onde sou, digo que sou uma cidadã do universo.
Nasci no Fogo. O meu pai é de Santo Antão e a minha mãe de São Nicolau. Minhas irmãs, uma nasceu em Santo Antão, outra em São Vicente e outra em São Nicolau. Isto porque meu pai trabalhou em todas as ilhas na construção de portos.
Saí do Fogo com um ano, fui viver em São Vicente onde tive uma infância espetacular. Depois mudamos para a ilha de Santiago onde fiz os estudos primários e secundários.
Em seguida fui tirar um curso na União Soviética onde tive oportunidade de conviver com estudantes de várias partes do mundo. Foi um contato com diferentes culturas. Esta foi uma grande experiência na minha vida.
Após o término da minha formação universitária andei pela Europa, em busca de outras experiências. Fiz um pouco de tudo, como trabalhar na limpeza ou serviços de baby-sitter.
Quando voltei para Cabo Verde em 94, o meu país, estava diferente e eu era mais rica enquanto pessoa. O país também tinha outra organização, a democracia, o pluripartidarismo e muitas reformas económicas.
Consegui entrar no mercado de trabalho sem problema no Tribunal de Contas. Mas queria outros desafios. Depois de alguns concursos, iniciei como consultora, por um mês. Tive de pedir uma licença sem vencimento de três meses. Nunca mais voltei ao meu antigo emprego.
Abracei o Fogo, onde conheci meu marido. Fiz trabalhos de empregada, vendi peixe, flores, “galinha”, trabalhei como professora de liceu. Fiz de tudo um pouco. Fácil não foi, mas sentia que tinha e tenho uma missão com a ilha e com o povo.
Hoje em dia temos a Fogo Seafishing e a Zebra Travel, nossos projetos de vida. Queremos proporcionar experiências a quem visita o país. A ilha tem muito potencial.
Ultimamente tem havido muita valorização do património que constitui a ilha do Fogo e uma mudança de atitude por parte do próprio foguense. Acredito que com a valorização e conhecimento do que é nosso, a ilha terá um melhor futuro.