O Meu Voto é da Janira e do PAICV
Numa democracia representativa em que as eleições são realizadas espaçada e regularmente, costuma dizer-se que são os governos que perdem eleições. Quando não fazem asneiras suficientemente fortes para as perderem, será então a oposição que tem o encargo de afirmar a sua superioridade e bondade como alternativa.
Ora, o PAICV tem obra feita e os erros cometidos a nível da governação não são suficientemente graves para que os eleitores deixem de lhe renovar a sua confiança. A oposição (leia-se MPD) não me parece, pelo seu lado, que conseguiu erigir-se em alternativa credível, confiável e competente. Vejamos a seguir os meus argumentos.
Uma das críticas mais entusiasmantes feitas pelo MPD ao PAICV tem a ver com o clientelismo, o amiguismo, o compadrio e o nepotismo que alegadamente foram locomotivas na sua gestão da coisa pública. Ora, mesmo que isso seja verdade, o MPD não tem moral para cobrar nada a esse respeito a ninguém. Não é preciso olhar pelo retrovisor, bastando registar como é que as Câmaras detidas pelo Movimento são governadas, a começar pela Câmara liderada pelo próprio aspirante à cadeira de 1º Ministro. Chega a ser dramático a este respeito que o líder ventoinha não se queira deixar fotografar com alguns dos presidentes de câmara do MPD...
Outra das críticas devastadoras do MPD refere-se ao défice público e ao endividamento excessivos. Ora, sabe-se que aqueles dois indicadores económicos derivam, em grande medida, da política de infraestruturação do país. Mas, quando questionado sobre essa política e que infraestruturas não faria, o seu silêncio é tumular: não se afirma como alternativa porque fica prisioneiro e cego aos cálculos eleitorais de curto prazo em prejuízo da economia e dos interesses de médio e longo prazo da sociedade.
A somar a tudo isto, o MPD actual parece não ter conseguido superar o que de mais negativo exibiu o MPD dos anos 90. Falo da congénita propensão para o assédio moral que foi o ADN da prática do Movimento nos tenebrosos anos 90. A perseguição política, a intimidação, o revanchismo e a instrumentalização de instituições e sua colocação ao serviço do MPD e dos seus militantes e afins ainda estão presentes na prática do Movimento. Veja-se, por exemplo, aquilo que publica diariamente o jornal on-line Liberal ou o anúncio recentemente mandato publicar no mesmo por Carlos Veiga, pretensamente dado e assumido como aposentado das lides políticas do Movimento, sobre um pretenso julgamento meu por crime cometido no exercício das funções de PCA da TACV. Veja-se ainda o caso da constituição e eleição do Presidente do TC, da CNE, etc., etc. Confesso que tenho medo do regresso dessas práticas. E creio que muitos me acompanham nesse receio. As "cartas epistolares" de um outro "capitão" ventoinha dessas prática, muito activo nas redes sociais com a perspectiva de um possível regresso do MPD ao poder, são tudo menos tranquilizantes, deixando perceber, por outro lado, que a "limpeza" prometida por Ulisses foi para inglês ver.