PM cabo-verdiano prevê remodelação governamental até final do mês
O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse esta quarta-feira que deverá fazer uma remodelação governamental até final do mês e refutou críticas a custos com o executivo.
“Vai ser este mês, mas não vou avançar pormenores”, disse aos jornalistas, à margem de um evento público, na cidade da Praia, no seguimento do anúncio feito após a reunião de sábado da direção do Movimento pela Democracia (MpD), a que preside.
Questionado sobre se o executivo terá menos elementos, Ulisses Correia e Silva referiu que “o Governo não está gordo: temos 16 ministros”, mas “criou-se uma narrativa e todo o mundo a repete”, disse, numa alusão a críticas da oposição.
Houve “uma redução” desde a última remodelação, tem havido “junção de ministérios” e há seis secretários de Estado, que “eram sete”, detalhou, acrescentando: “Vamos fazer ajustamentos, mas não se anunciam” para já.
O primeiro-ministro recordou que o executivo arrancou “com 12 ministros, mas não foi possível manter a governação de um país como Cabo Verde” com aquele número de governantes.
“Está-se a criar uma ideia de que os ministros são um encargo da nação”, o que Ulisses Correia e Silva refuta.
“O primeiro-ministro ganha 227 contos [cerca de 2.000 euros] líquidos por mês, incluindo salário base, incluindo despesas de representação e subsídio de renda de casa. O Presidente da República tem um salário base de 170 contos [cerca de 1.500 euros] e se se somar subsídio de renda de casa e de representação será um bocadinho mais”, apontou, acrescentando que “ninguém no Governo ganha aquele dinheiro que as pessoas pensam”.
Os custos da democracia não residem “na maior ou menor dimensão dos governos”, mas “no retorno que dá ao país”, considerou.
“É preciso não passar para os cidadãos essa ideia de que há privilegiados e e aqueles que vivem na pobreza”, estando os privilegiados “no Governo”.
“Um dia irei mostrar o meu extrato bancário para as pessoas verem que tenho momentos de saldos negativos”, indicou: “essa ideia de que a gente está lá para ganhar dinheiro ou que viaja e aproveita nas viagens para ganhar alguma coisa é totalmente falsa”.
“São cargos de sacrifício pessoal e familiar pelo país e estou a falar em nome de todos os atores políticos deste país”, concluiu.
Um inquérito da Afrosondagem sobre a qualidade da democracia e da governação revelou, em dezembro, uma "queda de confiança" dos cabo-verdianos em todas as instituições, incluindo a Presidência da República, Assembleia Nacional e fazendo uma avaliação negativa do desempenho do Governo.
A direção nacional do MpD reuniu-se no sábado para analisar a derrota eleitoral nas autárquicas de dezembro e Ulisses Correia e Silva “garantiu mudanças no partido e no Governo que vão reforçar a organização, o combate político e a confiança dos cabo-verdianos”, anunciou a força política em comunicado.
A reunião serviu para a direção nacional do MpD renovar a confiança no atual primeiro-ministro como candidato às legislativas de 2026.
A Semana com Lusa