Por uma Cultura de Responsabilidade
[b]Num encontro a bem pouco tempo com os jornalistas o senhor Primeiro-ministro elencou um conjunto de obstáculos ao desenvolvimento com os quais o país é confrontado e considerou que os novos desafios do país passariam por uma “mudança de mentalidades”, mas também, pelo aumento a produtividade e no âmbito da administração pública uma maior eficiência e eficácia.
Não podia estar mais de acordo com o Primeiro – ministro. De facto, apesar dos ganhos do país, continuamos a ter grandes dificuldades no aumento da produtividade do país. Não poderemos pensar no aumento de produtividade se não progredirmos no nível do debate político, se as pessoas não forem mais exigentes consigo próprios e com a sociedade com o qual vivem.
A exigência é vista socialmente como algo negativo e sinónimo de exibicionismo. Porém, não podemos desenvolver se não conseguirmos progredir gradualmente no aproveitamento da nossa massa-crítica para desenvolvermos o país. A maior riqueza das nações são as pessoas que fazem com que o país desenvolva. Podemos progredir na infraestruturação, podemos ter equipamentos de alta tecnologia, termos uma estratégia de desenvolvimento e até apostarmos na educação, mas de nada serve se não conseguimos dar o próximo passo, aumentar a produtividade nacional e sermos cada vez mais exigentes e isto passa por uma mudança de paradigma, no que a produtividade diga respeito.
A exigência que não deve ser apenas exigida ao Estado e a Administração pública, mas também, as próprias empresas privadas que fazem parte da nossa sociedade. Para isso, a regulação tem um papel fundamental na defesa dos interesses do livre mercado e da concorrência, mas também do interesse social, isto é garantir que o mercado seja suficientemente atrativo para garantir rentabilidade e investidores, mas também, que os serviços prestados aos cidadãos tenham um grau elevado de qualidade.
Só poderemos competir no mundo global se a administração pública e o Estado servirem da melhor forma possível os cidadãos e as empresas para que estes tenham condições de melhorar os serviços e produtos e competirem no mercado mundial.
A expansão do nosso mercado dependerá do quanto os nossos produtos e serviços forem competitivos a nível internacional e o desenvolvimento do país: o aumento da qualidade de vida dos cidadãos, dependerá do quanto, gradualmente, formos ganhando competitividade no mercado interno e conseguirmos competir a nível externo.
Neste processo, é indispensável que haja regulação efetiva das empresas para que, gradualmente, estes aumentem a qualidades dos seus serviços.
Um outro ponto que o chefe do executivo elencou tem a ver com o nível do debate político, muitas vezes, centrado em artefactos políticos e um debate pouco fundamentado. O debate político é um ponto-chave para os próximos desafios do país, pois, cada vez mais, é necessário que a sociedade civil se mobilize para que as questões sociais e políticas sejam amplamente discutidas e a atuação do Estado possa corresponder a uma visão global da sociedade.
Por isso, é preciso mais compromisso e responsabilidade dos cidadãos em relação a sociedade e ao país.
Jonathan Vieira