PR veta Abraão Vicente para Embaixador em Portugal

O presidente da República rejeitou a nomeação de Abrão Vicente como novo embaixador de Cabo Verde em Portugal, no lugar de Eurico Monteiro. José Maria Neves considerou a escolha de Vicente, sob proposta do Governo, como iminentemente político, já que o ex-ministro e actual deputado estaria “no olho do furacão político”. A reacção de Abraão Vicente não se fez esperar: “já havia informado ao Primeiro-Ministro que o meu nome não seria aceite.”

Mar 21, 2025 - 17:05
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PR veta Abraão Vicente para Embaixador em Portugal

O presidente da República acaba de vetar a nomeação do ex-ministro das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, para embaixador de Cabo Verde em Portugal, no lugar de Eurico Monteiro, chamado entretanto a integrar o governo.

A proposta de Abraão Vicente para essa missão diplomática teria sido “cozinhada” ainda antes de Eurico Monteiro regressar à Praia, e seria, segundo as nossas fontes, a moeda de troca caso a candidatura de Abraão Vicente à Câmara Municipal da Praia não desse resultados positivos. Seria por esse motivo, acreditam as nossas fontes, que o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, propôs em Julho do ano passado o nome de Felisberto Vieira para as embaixada de Cabo Verde em Havana, Cuba, só que JMN, ao vetar Filú, ficou desimpedido moralmente de rejeitar qualquer outro “embaixador político”.

E Abraão Vicente, como se suspeitava, não iria colher melhor simpatia de José Maria Neves, que acaba de vetar o nome alegando que o ex-ministro tem forte conotação com a política activa, estando, por isso, “no olho do furacão político”.

Abraão Vicente já reagiu ao veto presidencial num post publicado na sua conta do facebook: “Informo que, sob proposta do Chefe do Governo, o meu nome foi vetado pelo Presidente da República, José Maria Neves, para a nomeação como Embaixador de Cabo Verde em Portugal”.

Segundo Vicente, “o ‘veto’ ocorreu porque o Senhor Presidente considera que estou ‘no olho do furacão político’. Tomo isso como um elogio. Embora essa expressão não tenha respaldo legal ou constitucional, ela tornou-se um critério político que pode ser utilizado por futuros presidentes”, começou por considerar.

“Recebi a notícia com a naturalidade de quem já havia informado ao Primeiro-Ministro que o meu nome não seria aceite. O Presidente agiu de forma coerente com a nossa história em comum. Previsível e natural. A sociedade tirará as suas conclusões”, pontuou antes de acrescentar: “Sempre fui uma voz crítica, tanto antes de entrar na política como enquanto deputado da oposição no Parlamento. Fiz uma declaração pública de apoio a Carlos Veiga nas presidenciais em 2021. Durante o meu mandato como Ministro da República, defendi limites claros nos espaços de atuação da Presidência da República sempre que as suas acções impactaram as áreas sob a minha responsabilidade. A pergunta que se impõe é: por que razão o Presidente da República aceitaria nomear uma figura com o meu perfil para um cargo de representação internacional? Apenas pela minha competência? Certamente que não. Num "país cidade" onde prevalecem divisões e um certo espirito paroquial a este nivel do estado, como pedir um outro olhar. Uma certa magnanimidade. Sempre estive disposto a pagar o preço por ser quem sou”.

“No dia 3 de Dezembro 2024 reafirmei ao Senhor Primeiro-Ministro, a quem por dignidade pessoal e politica nunca pedi qualquer cargo ou contrapartida pela minha candidatura à CMP, que retornaria ao Parlamento; "tenho um mandato a cumprir."

Não haverá notícias sobre a minha nomeação para qualquer cargo público ou conselho de administração. Estarei com dignidade no Parlamento até ao fim do meu mandato”, garante Abraão Vicente.