Presidente da República diz que Governo deve considerar administração dos Ilhéus na nova divisão administrativa do País
O Presidente da República considerou quarta-feira, 09, em São Filipe, ser “de extrema importância” que o Governo considere a administração dos Ilhéus, “que são territórios nacionais”, na nova divisão administrativa do país.
José Maria Neves falava durante a cerimónia de inauguração da embarcação Vénus, de 11 metros, adquirida pela associação Projecto Vitó para trabalhos de monitorização nas ilhas do Fogo e da Brava e nos Ilhéus Rombos.
O chefe de Estado indicou ser fundamental pensar nos Ilhéus e saber a que ilha pertencem e quem deve responsabilizar pela sua administração, para garantir a gestão desta parte “fundamental” do País.
Quanto à embarcação, Neves avançou que se tem notado que nestas ilhas têm nascido muitas obras e, neste caso em apreço, graças ao empenhamento de uma organização não-governamental (ONG) que tem trabalhado numa área sensível de desenvolvimento do País e para que haja um desenvolvimento ambientalmente sustentável que perdure no tempo.
“Muitos cabo-verdianos têm criado organizações não-governamentais que tem assumido grandes perspectivas de desenvolvimento”, disse José Maria Neves, destacando o tamanho do trabalho que o Projecto Vitó está a realizar nos Ilhéus.
A mesma fonte vincou que em Cabo Verde para garantir a durabilidade do desenvolvimento é preciso transferir mais responsabilidades à sociedade civil e aos municípios e criar condições para que haja cogestão ou autogestão das áreas protegidas do País.
Segundo o mesmo, estas organizações têm feito um trabalho que é motivo de orgulho para todos, porque não só têm propostos áreas protegidas e parques naturais, mas porque tem assumido responsabilidade para gerir essas reservas e para mobilizar recursos financeiros, capacidades e humanas para desenvolvimento desses projectos, o que é “extraordinariamente importante” e deve ser valorizado.
“Quando uma ONG faz trabalho desta natureza, mobiliza parcerias e traz um barco para a Região Fogo/Brava e que pode ajudar na preservação ambiental, mas em outras questões que são importantes para a região como a transferência de doentes e socorros é extremamente importante”, destacou José Maria Neves.
Para o chefe de Estado, todas as autoridades nacionais, o Governo, os municípios e as entidades ligadas ao mar, devem “apoiar fortemente” estas ONG para continuarem a desenvolver o seu trabalho na mobilização dos recursos financeiros, capacidade humanas e recursos institucionais.
Tudo, assinalou, para poderem desenvolver de melhor forma o trabalho, ao mesmo tempo para dar uma dimensão a todo o território, ilhas e ilhéus que precisam ser redescobertas para conhecer a riqueza que têm.
Em relação ao programa Guardiões do Mar, José Maria Neves advogou que os cabo-verdianos vivem de costas voltadas para o mar apesar do território nacional ser constituído por mais de 99 por cento (%) pelo mar.
“Temos os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que nos remete para a gestão sustentável dos oceanos e temos 2021 a 2030 como a década dos oceanos que também nos remete para a necessidade de desenvolver a literacia oceânica, de produzir dados e informações para conhecermos melhor o nosso mar e permitir fazer uma gestão sustentável dos oceanos”, concretizou.
Neves sublinhou que se o País voltar para o mar e aproveitar todas as potencialidades relacionadas terá condições não só para acelerar o índice de crescimento como conseguirá realizar os ODS no horizonte 2030.
O Presidente da República disse ainda na cerimónia que as actividades desenvolvidas pelo Projecto Vitó permitem ter uma “noção clara” de que é possível cumprir os ODS, mas também para cumprir as razões que levaram as Nações Unidas a proclamar esta década como a dos oceanos.
Apelou às autoridades para apoiar as ONG e criar as condições para que cresçam e consigam afirmar e ter mais capacidade financeira, humana e institucionais para desenvolver o trabalho, sublinhando que espera que a embarcação Vénus venha a desempenhar “um bom papel”.
Informou ainda que a Presidência da República está a ultimar uma placa para colocar nos Ilhéus para lembrar a sua visita e que vai associar mais uma placa para homenagear os três pescadores que, a 19 de Janeiro de 2021, perderam a vida ao fazer travessia Fogo/Ilhéus Rombos e cujo nome de embarcação foi agora atribuído a embarcação do Projecto Vitó.
José Maria Neves participou ainda da entrega de certificados e de kits de segurança, de monitorização e de conservação de pescado disponibilizados a 23 pescadores que passaram por uma acção de formação, no quadro do programa Guardiões do Mar, que conta com parceria da Birdlife internacional.
O presidente do Projecto Vitó, Herculano Dinis, disse na ocasião que a ideia é capacitar cada vez mais os pescadores para melhorar o modo de pesca artesanal na Região Fogo/Brava, incluindo os Ilhéus Rombos, e que o projecto conta até ao seu final ter 50 pescadores completamente capacitados e equipados para melhorar o desempenho na pesca artesanal.