Professor Henrique “Djick” Oliveira: “Com o conhecimento educamos o intelecto, com a música educamos o coração”

Foi professor de filosofia por vocação e formação, pelas suas mãos passou a maioria dos actuais quadros e dirigentes do país que frequentaram o Liceu Domingos Ramos nos últimos quarenta anos. No princípio da década de 70, de regresso de Coimbra, onde se licenciou em ciências histórico-filosóficas, abriu uma escola de judo na Praia, tornando-se assim o primeiro cabo-verdiano a introduzir uma arte marcial no país. No final dos anos 90 volta a abrir outra escola, desta feita para o ensino do violão tradicional. Nesta entrevista, o professor Henrique Oliveira fala-nos da sua vasta experiência nas três áreas a que se dedicou com amor, perseverança e espírito de missão.

Sep 5, 2017 - 13:58
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Professor Henrique “Djick” Oliveira: “Com o conhecimento educamos o intelecto, com a música educamos o coração”

Foi professor de filosofia por vocação e formação, pelas suas mãos passou a maioria dos actuais quadros e dirigentes do país que frequentaram o Liceu Domingos Ramos nos últimos quarenta anos. No princípio da década de 70, de regresso de Coimbra, onde se licenciou em ciências histórico-filosóficas, abriu uma escola de judo na Praia, tornando-se assim o primeiro cabo-verdiano a introduzir uma arte marcial no país.  No final dos anos 90 volta a abrir outra escola, desta feita para o ensino do violão tradicional.  Nesta entrevista, o professor Henrique Oliveira fala-nos da sua vasta experiência nas três áreas a que se dedicou com amor, perseverança e espírito de missão.  

 

 

Foi o primeiro professor de artes marciais em Cabo Verde. Como é surgiu a ideia de abrir uma escola de judo?

Comecei a praticar judo na Universidade de Coimbra, quando era estudante de Ciências Histórico-filosóficas que é o meu curso. Pratiquei durante os cinco anos em que estive em Coimbra; fui o primeiro judoca cabo-verdiano e o primeiro cabo-verdiano que introduziu o judo em Cabo Verde. Já em São Vicente, antes de ir para Coimbra, praticava muito desporto, nomeadamente pesca submarina, futebol e luta na areia na praia da Matiota. Quando cheguei a Coimbra, comecei a praticar o judo e atingi o grau de cinto castanho. Faltavam uns seis meses para mudar para cinto preto, mas como tinha concluído o curso e não tinha meios para continuar em Coimbra, regressei ao país. Introduzi o judo na Praia [em 1974] e as minhas habilitações de judoca fazem parte do meu dossiê de professor no ministério de Educação.

 

Na altura havia outras escolas de artes marciais?

Em Cabo Verde não havia. O karaté entra depois da independência. Havia só o judo que, aliás, na altura ainda não era considerado arte marcial. O judo ajudou-me em Coimbra – num contexto de muita turbulência marcada pela luta estudantil e anticolonial – a suportar a pressão da época através de muito autodomínio, facilitando-me assim as condições psicológicas para o estudo. Estudei com uma bolsa da Gulbenkian; exigia-se uma média de 14 valores e portanto era preciso condições especiais para se estudar. E o judo favoreceu-me imenso. Comecei a ensinar o judo em 1974 e depois com maior desenvolvimento em 1975 com algum apoio do então ministro da Educação que era o meu amigo Carlos Reis. Com a implantação do judo e durante uns três anos tive acima de duzentos praticantes entre crianças e jovens na sua maioria alunos do liceu.

 

Foi e é ainda professor de música. Essa vocação musical trouxe-a seguramente da Brava.

Sim, a música entrou bastante cedo na minha vida. A Brava era uma ilha de cultura poética, musical e literária. Já na minha família havia músicos conhecidos. O José Medina, que era marido da minha tia Amélia, foi um grande músico: tocava violino, violão e guitarra portuguesa. Era quem compunha quase todas as músicas para as mornas de Eugénio Tavares. A mãe morreu do parto do próprio Eugénio Tavares e ele foi criado pela família Vera-Cruz. Mas, em criança, ele também andava muito lá em casa das minhas tias. O José Medina foi quem me ensinou as primeiras notas no violão quando eu tinha 9 anos. Em São Vicente aperfeiçoei a minha aprendizagem e depois o violão acompanhou-se em Coimbra, onde estudei um pouco de guitarra clássica. Há cerca de 17 anos que ensino aqui na minha casa o violão cabo-verdiano: largas centenas de crianças, jovens e adultos já me passaram pelas mãos.

 

Há uma relação entre a idade e o aprendizado da música?

Não, em qualquer idade se pode aprender o violão. É claro que se alguém quiser fazer uma carreira de artista, deve aprender cedo. Mas para tocar violão por mero deleite, que é o que acontece aqui, não há limites de idade. Os alunos estão aqui pelo prazer da música. Eu tenho pessoas com mais de 60 anos, já tive aqui um senhor que veio com 70 anos, outro com 62. De modo que é um preconceito pensar que a idade representa algum obstáculo.

 

O cultivo da música torna-nos melhores pessoas?

Claro que torna. Aliás, a música é um elemento fundamental na formação do ser humano, porque educa a nossa sensibilidade. Portanto, trabalha o coração, as emoções, os sentimentos. É uma linguagem universal e dirige-se mais à nossa afectividade. Com o conhecimento educamos o intelecto, com a música educamos o coração. Por isso é que a música fala tanto do amor, da saudade, das contradições da vida e dos temas mais profundos da nossa existência. Nesse aspecto, a música torna as pessoas melhores. E artistas como Luís Rendall [morreu com 88 anos], Nhô Avom, que neste momento tem mais de 90 anos, devem a sua longevidade à música. Podemos, portanto, dizer que a música ajuda a prolongar a vida. 

 

E ajuda também na intervenção política e social.

Eu estive ligado um pouco à música de intervenção num determinado momento histórico que foi o da luta pela independência de Cabo Verde e em Coimbra contra o fascismo português salazarista. Aliás, nos anos 60 e 70 do século passado tivemos dois grandes compositores desta música. Estou a referir-me ao Renato Cardoso e ao Manuel Faustino que têm composições e gravações de música de intervenção política. Hoje, nós temos música de intervenção social, portanto músicas que denunciam injustiças socais e problemas graves como o alcoolismo, a sida, droga, etc., predominantemente nos géneros rap e hip hop. Esse género é mais propício do que a veiculada pela música de intervenção do meu tempo, nos anos 60 que em Portugal, que era a balada. Hoje os jovens preferem o rap e o hip hop que são músicas de intervenção social.

 

Com que olhos vê essas novas manifestações musicais urbanas em Cabo Verde?

São fenómenos socias que nascem da realidade. Hoje nós temos muitos conflitos, temos ainda injustiças sociais, temos ambições frustradas, temos portas do futuro que estão fechadas e temos jovens licenciados sem futuro. É natural que os jovens perante este volume de questões se tenham de exprimir de alguma forma. Ainda bem que se exprimem na forma de denúncia por intermédio da música e da poesia. É preferível assim do que na forma de violência. São fenómenos que resultam também da assimilação de música estrangeira, portanto, através de um processo de aculturação que sempre existiu em Cabo Verde, mas que hoje é mais acelerado graças às novas tecnologias de comunicação e informação. Portanto, essa assimilação de géneros musicais estrangeiros é importante e inevitável, porque Cabo Verde sempre foi um país de aculturação.

 

Há músicos cabo-verdianos que desvalorizam esses géneros musicais.

Eu acho que quando alguém faz uma crítica, deve observar dois aspectos: a sua justeza e a forma como se faz a crítica. Às vezes é extremamente importante a forma como se expressa uma crítica, independentemente da sua maior ou menor justeza. Baseada na minha experiência e sabedoria da vida, não julgo as coisas, procuro antes compreendê-las. Portanto, se há novidades de géneros na música cabo-verdiana, a minha atitude é compreender esses fenómenos e não estar contra ou a favor, ou ter uma atitude depreciativa, porque esse tipo de reacção em nada altera a realidade. A realidade é um processo e a mim interessa-me conhecer esse processo. É incontornável que os géneros musicais hoje cultivados pela juventude são aqueles que satisfazem essa mesma juventude…

 

Serão géneros mais fáceis de produzir que a música tradicional cabo-verdiana?

Não é uma questão de mais fácil, ou menos fácil. É uma questão do género musical que tem sentido para as finalidades que os jovens entendem. Isto porque, a juventude de hoje não tem as características da juventude do meu tempo, assim como a percepção do amor é diferente da do meu tempo. A sensibilidade cultural e musical dos jovens de hoje é diferente da sensibilidade dos jovens do meu tempo; os conceitos do romantismo da nossa época não são os mesmos de hoje. A vivência do amor da minha época, nos anos 60 e 70, é totalmente distinta da vivência de um jovem de hoje. O Cabo Verde dos anos 60, fechado, difícil, muito subdesenvolvido, não aberto ao mundo, é muito diferente ao Cabo Verde de hoje que está sintonizado com o século XXI. Portanto, eu não posso pedir a um jovem de hoje que faça uma morna para a sua amada, ou uma coladeira como crítica social. Ele tem à mão outros géneros como o rap e o hip hop que tem uma carga energética muito mais forte do que a maviosa morna, ou a coladeira que é muito dançante.

 

Os géneros musicais esgotam-se com o tempo?

Não, os géneros musicais definem a sua identidade correspondente a uma determinada época. Não se esgotam, tanto é que continuam a ser cultivados; podem é inspirar o nascimento de variantes. Por exemplo, a morna de Eugénio Tavares é muito diferente de uma morna de Manuel d’Novas…

 

E da morna-balada de Renato Cardoso.

Do Renato Cardoso é balada mesmo, não há morna-balada. Mas dizia que a morna de Eugénio Tavares é diferente da morna do Betú ou de Nhelas Spencer que são mornas lindíssimas também. Por conseguinte, os géneros definem a sua identidade e enquanto forem cultivados manter-se-ão em vida, mas se deixarem de ser cultivados, desaparecem. Por exemplo, no meu tempo compunham-se muitas valsas, polcas e mazurkas. Nos meus tempos do liceu cheguei a musicar um soneto de Eugénio Tavares na forma de valsa. A valsa era um género nobre que tinha o seu espaço dentro da cultura cabo-verdiana na época, mas hoje praticamente ninguém liga mais à valsa, ninguém liga à polca e ninguém liga à mazurka – hoje fazem parte da história da música e da cultura cabo-verdiana. Entretanto, não se esgotaram, mas já não têm sentido: na época actual há outros géneros.

 

A sua formação de filósofo que se tornou a sua profissão ajudou-o na sua reflexão sobre a música, as artes marcais e sobre a própria sociedade?

É simples. Eu tive uma educação católica-cristã muito profunda. Devia entrar no Seminário de São José para ser padre e a minha irmã era para ir para Portugal para um convento, mas o meu pai, por razões que ele tinha na época, opôs-se a esse desígnio. Portanto, a minha abertura para o outro ser humano advêm da minha educação cristã. Não pude ser padre, mas acabei por ser professor ainda por cima numa área próxima da religiosa que é a filosofia. Aqui devo distinguir uma coisa: a filosofia que sempre orientou e continua a orientar a minha vida não é de natureza livresca. No meu curso estudei muitos filósofos, li centenas de livros de doutrinas filosóficas de todas as tendências, mas o que sempre orientou a minha vida, inclusive quando eu era professor era a reflexão viva sobre a própria vida – a começar pela minha, e pela sociedade em que vivia, seja aqui, seja em Portugal. De modo que uma coisa é a filosofia livresca, outra coisa é a filosofia viva. Como disse, eu sempre orientei e continuo a orientar a minha vida por uma reflexão sobre a existência: a minha e a dos outros em cada momento. Quando eu leccionava filosofia no liceu eu ensinava a minha experiência de vida permeabilizada por teorias que me forneciam os livros. Mas os livros apenas fornecem os instrumentos conceptuais, e não podemos ficar só ao nível da abstracção. É fundamental que esses instrumentos sirvam para a tomada de uma posição prática, para um entendimento concreto e uma compreensão viva da própria existência. É neste sentido que eu continuo a seguir uma linha filosófica que é a minha maneira de viver, o meu estilo de vida.

 

E conseguiu transportar essa sua filosofia para o ensino de disciplinas tão díspares como a música e as artes marciais.

Quem se dedica ao ensino tem que tomar uma posição de princípio. Primeiro saber quem é o outro, o que ele quer? O professor, em qualquer domínio, seja universitário, liceal, artístico ou desportivo deve perguntar  a si próprio quem é o aluno e o que ele pretende do professor. O professor não pode partir de princípios predefinidos. Ele deve aceitar o aluno tal qual ele é; o professor não pode ter atitudes que façam com que o aluno veja nele um inimigo. Daí que todos os meus alunos e ex-alunos sempre gostaram imenso de mim. É porque nunca sentiram em mim uma pessoa perigosa. O professor deve estar sempre junto do aluno: tem que haver uma abertura de espírito, uma relação de empatia muito grande, um conhecimento das necessidades do aluno e se o professor poder ajudar com algo, ele então predispõe-se a criar uma relação pedagógica baseada na compreensão. Ou seja, na criação de um clima que não seja de constrangimento…

 

Diga-nos o nome de alguns dos seus antigos alunos que se distinguiram na política ou em outras áreas.

O Jorge Figueiredo, o José Maria Neves, o Ulisses Correia e Silva, o Eurico Monteiro, Mário Silva, o Gualberto do Rosário, o Cláudio Furtado…quase todos passaram-me pelas mãos e por isso não posso enumerar a todos.

 

Qual é o segredo da sua relação de estima e de amizade para com seus antigos alunos?

Olhe, na minha aparência sou uma pessoa muito fechada, que não cumprimenta ninguém na rua, mas isso é uma mera aparência. O meu rosto é muito grave, mas isso deve-se ao exercício da filosofia. Na verdade, sou uma pessoa muito alegre e na minha relação pedagógica sempre construí uma boa empatia, uma boa abertura, privilegiando sempre a compreensão e nunca a repressão. Quando me relaciono com os outros sou uma pessoa mais verdadeira e ali a essência da minha natureza se revela. Quando se esconde, esconde-se através da aparência… uma pessoa muito séria, muito metida consigo própria. De resto, sou uma pessoa destituída de ambições materiais e políticas; apesar dos convites recebidos, os cargos nunca me interessaram; não tenho carta de condução, nem nunca gostei de ter uma viatura, mas gosto de apreciar os automóveis como obras de arte. Posso dizer que o dinheiro para mim é apenas uma necessidade, mas se há coisa que eu detesto é exactamente o dinheiro e luto para obter o necessário. Porque quem quiser enriquecer é obrigado a fazer mal aos outros e para cada homem que enriquece pelo menos dez empobreceram. Vivo descontraidamente, ou seja, com despreendimento. Interesso-me mais pelos aspectos da cultura, da arte, da ciência… é o que domina e sempre dominou os meus interesses.

 

O que é mais importante, um BMW ou um violão?

Eu prefiro de longe um violão ou um livro. Já me quiseram pagar favores com bens materiais, mas declinei com o argumento que fiz o favor por amizade, que é um valor fundamental para mim, mas se você se sentir melhor oferecendo-me alguma coisa, então ofereça-me um livro que lhe fico muito contente. Sinto-me assim tranquilo e o que interessa é a tranquilidade e paz de espírito.

 

Insistindo. Em termos, absolutos é a viatura ou o violão?

Não preciso de viatura nenhuma. Gosto de andar a pé e o que eu preciso é uma boa rede de transportes públicos que me possa levar a qualquer sítio. Aliás, um dos males de Cabo Verde é um excesso de automóveis, quando na nossa política de transportes rodoviários deveríamos ter desenvolvido em todo o país uma boa rede de transportes públicos e reduzir a importação de viaturas e o consumo de combustíveis. Hoje temos um país sem meios para aguentar o parque de automóveis que nós temos. Ou seja, gastamos muito dinheiro em manter e garantir o usufruto de tantos veículos, quando temos um parque de transportes públicos deficitário.

 

Filosoficamente o que representam o violão e o automóvel?

O violão pode ser tomado como o símbolo da criatividade e o automóvel como símbolo do egoísmo. Através do violão, a pessoa é, ou seja, desenvolve-se como indivíduo. O que interessa aqui é a essência da pessoa humana: o que ela é, e, se a música, através desse instrumento, permite-lhe ser melhor do que ela é. O automóvel desenvolve qualidades negativas: o sentimento de propriedade, o egoísmo, a necessidade do ter, a necessidade de dominar o outro e a necessidade de corromper o outro, para você poder ter dinheiro para comprar esse automóvel. Muitas vezes a necessidade do ter, leva ao crime, à corrupção, enquanto a vontade de ser não conduz a isso. A vontade de ser dirige-se à qualidade, à melhoria das virtudes da pessoa. Isso não significa que não se deve possuir, mas a libertação está do lado do ser. A dominação, a exploração do homem pelo homem, o mal que nós fazemos uns aos outros, está do lado do ter, do lado da posse. Basta ver o estado em que se encontra o mundo: os meios de produção, de fontes energéticas, etc., concentram-se nas mãos de meia dúzia de poderosos, enquanto milhões e milhões de homens vivem na miséria e morrem sem poder desenvolver as suas qualidades enquanto seres humanos…

 

Diz-se hoje que ser é ter.

Do ponto de vista da aparência social, a pessoa que tendo dinheiro, tendo um automóvel de marca e que tendo um palacete julga que é mais alguém pelo facto de ter, não passa de um alienado. É um ignorante, porque não sabe distinguir o bem do mal, a justiça da injustiça, a beleza da fealdade, mas ele pensa que sabe. Portanto, é um ignorante porque não tem consciência de si…

 

Essas pessoas que se rodeiam de bens materiais, não estarão no fundo a procurar estender o seu ser?

Está preocupado em obter estatuto social, honras, regalias, direitos, privilégios, cargos e quejandos através da aquisição de bens materiais. Mas, enquanto pessoa, em nada está a desenvolver-se. Aliás, ele está obcecado em ter, está possuído pelo desejo de posse, e não pela necessidade de ser mais alguém, mais pessoa humana. Desta forma, ele aliena-se de si próprio. É claro, vivemos num mundo materialista e todos necessitamos de certos bens. Não é o que quero dizer. Estou a falar da forma exacerbada em que a necessidade de possuir domina e leva à prática de grandes injustiças sociais.

 

Boas reflexões, mas para que serve a filosofia hoje desde que foi destronada no século XIX quando se ramificou em várias disciplinas do saber?

A filosofia sempre existiu e sempre existirá. Não vamos é confundir predominâncias de correntes filosóficas em determinadas épocas, com a validade da filosofia. O homem mantém ainda uma ignorância em relação à questão fundamental que é quem ele é, de onde é que ele veio, o seu destino no mundo e o que lhe acontece depois da morte…

 

Essas questões são eternas, mas já não são os filósofos que dão resposta a elas.

Você tem hoje áreas especializadas do conhecimento e a filosofia é também uma área especializada do conhecimento. Hoje as ciências emanciparam-se, de modo que a situação é totalmente diferente do passado.

 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 770 de 31 de Agosto de 2016