Região Fogo/Brava: Vítimas de violência no meio escolar contraria tendência nacional com maior incidência nos rapazes
A percepção das vítimas nos estabelecimentos de ensino da região Fogo/Brava incide sobre os rapazes enquanto a nível nacional são meninas, revela o resultado do estudo sobre a violência no meio escolar socializado hoje com as instituições da região.
A percepção das vítimas nos estabelecimentos de ensino da região Fogo/Brava incide sobre os rapazes enquanto a nível nacional são meninas, revela o resultado do estudo sobre a violência no meio escolar socializado hoje com as instituições da região.
“A região Fogo/Brava tem algumas particularidades e cada escola tem as suas especificidades e há escolas que são consideradas completamente seguras, como o agrupamento de Nossa Senhora do Monte (Brava) e outras em que a situação é contrária”, disse Clementina Furtado, do Centro de Investigação e Formação em Género e Família (CIGEF) da Uni-CV.
Segundo a mesma fonte, de uma forma geral a percepção é de que “as vítimas a nível nacional são meninas, mas que na região, o estudo considera que as vítimas são rapazes”.
De acordo com Clementina Furtado, uma leitura que se faz desse resultado é porque quem habitualmente parte para as brigas são rapazes, por uma questão cultural, e como são eles “os principais agressores”, talvez por ajuste de contas, a demonstração de masculinidade, aparecem como vítimas e é uma particularidade que se destaca no estudo.
A socialização dos resultados do estudo sobre a violência no meio escolar, incluindo a Violência Baseada no Género (VBG) com o público-alvo e com instituições que lidam com o fenómeno, é para partilhar o resultado do estudo com os elementos que constituem público-alvo e participaram da sua elaboração e recolher subsídios úteis para laboração de uma proposta de um plano de combate à violência nas escolas em Cabo Verde.
Clementina Furtado indicou que o estudo foi realizado a nível nacional, Praia e São Vicente, mas que dada a importância do mesmo e da necessidade de partilhar o resultado com um público mais abrangente, decidiu-se pelo alargamento da socialização em mais quatro espaços, nomeadamente a ilha do Fogo região Fogo e Brava, Santa Catarina para a região de Santiago Norte, Santo Antão para os seus três municípios e a ilha do Sal para as ilhas vizinhas.
“Há escolas que estão a pedir que a socialização seja feita nos próprios espaços. É algo que estamos a trabalhar no sentido de corresponder a essas expectativas porque os resultados são apresentados de uma forma muito abrangente, mas temos dados que podemos apresentar para cada escola em função das solicitações e da nossa disponibilidade”, disse aquela responsável.
As agressões física e verbal sobressaem do estudo, mas não é de se negligenciar a violência sexual (assédio) por parte das meninas, disse aquela responsável, indicando que é uma percepção que existe e que deve ser levada “muito a sério”, mas também a violência cibernética.
Esta disse que o plano de acção de combate à violência nas escolas deve ser elaborado no decurso deste ano e vai incidir sobre as linhas orientadoras e directivas, porque, explicou, não é possível fazer um plano para cada escola.
Segundo a mesma, em função dos resultados de cada escola e das suas especificidades o plano vai traçar directivas que vão ser úteis para que cada escola elabore o seu respectivo plano de acção.
O estudo foi realizado pela Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), através do Centro de Investigação e Formação em Género e Família (CIGEF), e da Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes (FCSHA), em parceria com o Ministério da Educação e com o financiamento das Nações Unidas (FNUAP).
JR/ZS
Inforpress/Fim