UM CABOVERDIANO NAS RAÍZES DO BENFICA

O futebolista e campeão de ciclismo Fortunato Levy Nascimento: 21 Abr 1884, Praia, Santiago, Cabo Verde Baptizado: 1 Ago 1888, São Lourenço dos Órgãos, Santiago, Cabo Verde Casamento (1): Maria Júlia de Medeiros Gomes BARBOSA, a 19 Fev 1914 em São Filipe, Fogo, Cabo Verde Óbito: 31 Dez 1969, Praia, Santiago, Cabo Verde com 85 anos de idade Sepult.: Jan 1970, Praia, Santiago, Cabo Verde.

Sep 8, 2019 - 10:53
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UM CABOVERDIANO NAS RAÍZES DO BENFICA

O futebolista e campeão de ciclismo Fortunato Levy
Nascimento: 21 Abr 1884, Praia, Santiago, Cabo Verde
Baptizado: 1 Ago 1888, São Lourenço dos Órgãos, Santiago, Cabo Verde
Casamento (1): Maria Júlia de Medeiros Gomes BARBOSA, a 19 Fev 1914 em São Filipe, Fogo, Cabo Verde
Óbito: 31 Dez 1969, Praia, Santiago, Cabo Verde com 85 anos de idade
Sepult.: Jan 1970, Praia, Santiago, Cabo Verde.

O que se conta desta pessoa: O 1º capitão da história do Benfica.

Foi ainda o primeiro ciclista do Sport Lisboa, tendo-se estreado no dia 11 de Junho de 1906 numa prova de 1000 m na Palhavã. Ainda no mesmo dia foi terceiro noutra prova, trazendo assim os dois primeiros troféus da história do Clube.

O ciclismo, secção de velocipedismo, foi assim a segunda modalidade da história do clube, seis meses antes do atletismo e a modalidade séria praticada de forma ininterrupta até 1991.

18 anos, sete meses e um dia, eleito pela Assembleia Geral, como primeiro capitão um jovem negro , enquanto Sporting CP preocupado porque tinha como capitão um inglês de nome Charles Etur. Escreve o blog “Ser Benfiquista”, teriam que se cumprimentar um aristocrata da Britânia e um “preto”africano que tinha a idade para ser o filho dele.

A 5 de Abril de 1907, celebrar-se-ia o jantar de despedida de Levy, que rumaria a Cabo Verde, e Mora, que ia para a Argentina.
Desde então, escreve “Ser Benfiquista”, cada vez que há o Benfica (como aconteceu este fim de semana) , há o Cabo Vermelho.

Em Lisboa para estudar na escola Comercial, passou a ser “louco da bola”e titularíssimo nos três anos que leva no Benfica.

Em 20 de março de 1907, obteve a autorização para regressar a Cabo Verde.
Apesar da sua enorme diáspora, Levy continua a ser reconhecido (e lembrado por ocasião dessa delsocação da delegação presidecnial a Cabo Verde) .

É dele esta célebre frase: “Apesar da distância, longe da vista mas junto ao coração”.

O jornal “O Arquipélago”destaca a notícia da morte apresentando condolências ao filho Orlando Barbosa Lavey funcionário superior dos serviços aduaneiros e Director da Alfândega do Sal , antigo cgefe da Redação do referido jornal e tio do Director Bento Levy.

COMO TUDO COMEÇOU?

Ainda segundo “SerBenfiquista.com”, o pai emigrava de Lisboa para o Brasil, quis o destino que o barco avariasse em Cabo Verde e teve de ser reparado na Cidade da Praia.

O problema demorou tanto que o pai Levy decidu restabelecer negócio na praça central na Praia.

Enqunto isso não resistiu aos encantos de uma caboverdiana de nome Paula da Conceição Monteiro com quem se casou e em Abril de 1888 nasceu o mais novo de três filhos.

Quando o Benfica foi formado em Fevereiro de 1904 contava o jovem Levy apenas 16 anos, estudando na Escola Académica no Rossio.

Após terminar a época de futebol em 1906 coube ao caboverdiano representar o clube no então chamado velocipedismo ou seja ciclismo.

Na terceira temporada 1906/1907 aconteceu o insólito: Um miúdo de 18 anos , negro (dada a sua cor bronzeada) a capitanear o Sport Lisboa para o espanto geral.

Considerado um dos melhores jogadores portugueses, foi selecionado duas vezes em dois Mistos (antepassados das seleções) , tendo defrontado os ingleses do Cabo Submarino em Carcavelos.

O final da época marcou o término dos seus estudos como gestor administrativo e o regresso em definitivo para Cabo Verde, dando continuidade à sua actividade comercial.

Quando deixou o clube juntamente com o guarda-redes Mora que partiu para a Argentina e a quem ofereceram um jantar de “Ora di bai”, era o único totalista dos jogos pelo Benfica.

Em Cabo Verde geriu os negócios do pai “Casa Levy”.

Casou-se no Fogo, dai hoje ter recebido uma mensagem do jovem funcionário do Restaurante Seafood/Hotel Oceanview, a confirmar-se que se trata de bisneto deste célebre capitão do Benfica. Informação que recebeu do pai.

Em tempos e atravês da minha amiga Ducha da D. Liloca de Ponta Belém, chegou a conhecer outro familiar perto do famoso Fortunato Monteiro Levy, o Senhor Gabriel conhecido por Gaby.

E porque a noite já vai longa, ficamos por aqui com esta estória (história verdadeira) de um miudo negro , o primeiro capitão do Benfica, fazendo história antes do capitão negro que capitaneou a seleção das Quinas no Mundial de 1966, quando a Europa não apresentava as seleções de jogadores africanos como agora.

Voltando à questão da já polemizada condecoração, faço questão de realçar uma vez mais, as raízes do clube das águias em Cabo Verde, deixando os critérios do reconhecimento governamental aos senhores do executivo caboverdiano.

O que é certo é que Fortunato Levy foi o precussor da odisseia crioula no futebol benfiquista e luso, de jogadores como o sanvicentino Du Fialho, passando pelo malogrado Carlos Alhinho, Neno da Cidade Velha, aos miudos actuais como Renato Sanches, Nelsinho, os Tavares e mais os que vão enchendo os bolsos e que, muitas vezes, são o abono da família saindo do anonimato e das delinquências das ruas da Amadora e arredores ao estrelato mundial.

Bem fico por cá esperando que se tenham divertido e as minhas desculpas por mais esta “palhaçada” histórica.

Valdir Alves