Um poema sem rima, a uma ilha esquecida
O isolamento da ilha Brava, tem provocado sentimentos varios e este poema que hora se publica nasceu disso mesmo.
um poema sem rima
a uma ilha esquecida
Brava,
o que te prende ao penhasco
salitrado da amargura
e te faz envelhecer e acabar sem ter a alegria de ver o sol nascer
com mais brilho de há séculos?
Brava,
por que te causam tristemente
essa dor
de os navios perderem o teu rumo
quando outrora os teus portos
eram infestados de baleeiros?
Brava,
que fabricavas grandes embarcações
para grandes portos
e marinheiros formavas
e agora não te dão sequer as migalhas
que sobram das mesas abastadas
dos banquetes dos senhores abastados
para alimentares
as tuas gentes sofridas!
Brava,
que mal fizeste que
a mais pequena dos dez pedaços de terra dados às gentes vindas
da Africa, Europa e outras paragens
transformou-te na mais esquecida,
Injuriada,
ignorada
E ferida?!
Deverá o manto branco
das tuas névoas
das altas encostas
encobrir tua face
Para não enxergares
O horizonte?
Ou,
simplesmente,
ofuscar
aqueles que nāo querem
vislumbrar-te
na tua contemplaçāo?!
Que culpa elas carregam?
Deverão te fantasiar de uns pontos
aqui e ali
umas vírgulas algures,
uns parágrafos acolá,
e de te deixarem isolada,
Ó Brava desbravada!,
desprendida,
da mãe-África,
enchida
de sonhos
da madrasta-América
adotada
por um dos tendões
do Velho Continente?
e vilmente
sufocada
por aqueles
que detém poder!?
Brava,
ainda sobrevirás
como a Fenix
ressurgida das cinzas!
Brava,
ainda vencerás
qual David
das humildes e desbravadas terras
e que deitou por terra,
com uma funda,
o gigante das cidades bélicas
e palacetes entre fortalezas
orgulhosamente construidos
Sobre platôs e planaltos!
Brava,
ainda serás
Um ícone entre os povos
Uma história para contar
A melhor de todas
Que o mundo já viu!