Um poema sem rima, a uma ilha esquecida

O isolamento da ilha Brava, tem provocado sentimentos varios e este poema que hora se publica nasceu disso mesmo.

Sep 20, 2017 - 12:49
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Um poema sem rima, a uma ilha esquecida

um poema sem rima
a uma ilha esquecida

Brava, 
o que te prende ao penhasco 
salitrado da amargura 
e te faz envelhecer e acabar sem ter a alegria de ver o sol nascer 
com mais brilho de há séculos?

Brava, 
por que te causam tristemente 
essa dor 
de os navios perderem o teu rumo 
quando outrora os teus portos
eram infestados de baleeiros?

Brava, 
que fabricavas grandes embarcações
para grandes portos 
e marinheiros formavas
e agora não te dão sequer as migalhas
que sobram das mesas abastadas
dos banquetes dos senhores abastados
para alimentares
as tuas gentes sofridas!

Brava,
que mal fizeste que 
a mais pequena dos dez pedaços de terra dados às gentes vindas
da Africa, Europa e outras paragens
transformou-te na mais esquecida, 
Injuriada, 
ignorada
E ferida?!

Deverá o manto branco 
das tuas névoas
das altas encostas
encobrir tua face
Para não enxergares
O horizonte?
Ou,
simplesmente,
ofuscar
aqueles que nāo querem
vislumbrar-te
na tua contemplaçāo?!

Que culpa elas carregam?

Deverão te fantasiar de uns pontos 
aqui e ali 
umas vírgulas algures,
uns parágrafos acolá,
e de te deixarem isolada,
Ó Brava desbravada!,
desprendida, 
da mãe-África,
enchida
de sonhos 
da madrasta-América
adotada
por um dos tendões 
do Velho Continente? 
e vilmente 
sufocada
por aqueles
que detém poder!?

Brava,
ainda sobrevirás
como a Fenix
ressurgida das cinzas!

Brava, 
ainda vencerás
qual David
das humildes e desbravadas terras
e que deitou por terra,
com uma funda,
o gigante das cidades bélicas
e palacetes entre fortalezas
orgulhosamente construidos
Sobre platôs e planaltos!

Brava, 
ainda serás 
Um ícone entre os povos 
Uma história para contar
A melhor de todas
Que o mundo já viu!